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Ao menos 75 jornalistas foram atacados no Egito, diz ONG
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou neste sábado que já são ao menos 75 os jornalistas atacados durante a cobertura dos protestos antigoverno que, desde o último dia 25, pede a queda do ditador Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. A ONG reiterou ainda a "incrível envergadura da campanha de ódio" lançada contra a imprensa internacional.
A RSF também confirmou a morte do jornalista egípcio Ahmed Mohammed Mahmoud, que trabalhava para o grupo Al-Ahram e que foi atacado por partidários de Mubarak no Cairo.
A organização considera que "todo jornalista no local parece ter sido vítima de um incidente" e, segundo dados obtidos pela ONG, ocorreram ataques contra ao menos 75 profissionais de meios de comunicação enviados para cobrir os protestos.
Marco Longari/AFP | ||
Manifestantes anti-governo se reúnem em frente a um tanque do exército, na praça Tahir, no Cairo |
"É difícil ter um registro coerente da situação", e alguns jornalistas preferiram manter o anonimato para evitar represálias, ressaltou a RSF.
Os dados da ONG incluem 72 jornalistas detidos "durante ao menos duas horas" e outros sete de quem não se sabe notícias.
O meio que mais sofreu ataques é a rede de TV Al Jazeera, do Catar, que teve três repórteres atacados e quatro detidos (que depois foram liberados), além de ter tido seus escritórios no Cairo destruídos.
A RSF também informou que, por nacionalistas, os jornalistas que foram alvo de mais ataques têm sido os dos Estados Unidos --ao menos 29--, seguidos pelos franceses (18), Polônia (9) e sete do Catar (funcionários da Al Jazeera).
Os números informados neste sábado supõem um incremento com relação à contagem publicada na sexta-feira, quando a RSF tinha dados de al menos 60 jornalistas que tinham sido agredidos no Cairo.
Na quinta-feira, a organização afirmou estar "estupefata pelo que parece ser uma verdadeira caça ás bruxas contra os meios de comunicação que cobrem os acontecimentos no Egito", e expressou "sua grande preocupação por todos os periodistas que se encontram neste momento no Cairo".
BRASILEIROS
Os jornalistas enviados pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação) ao Egito chegaram neste sábado, às 8h10, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O repórter da Rádio Nacional Corban Costa, 49, e o repórter cinematográfico Gilvan Rocha, 31, da TV Brasil, retornaram ao Brasil após serem expulsos pelo governo egípcio. Às 12h30 os dois embarcam novamente e seguem viagem para Brasília.
Os repórteres foram detidos pelas autoridades locais na quarta-feira (2), logo após chegarem ao Egito para cobrir as manifestações populares contra o presidente Hosni Mubarak. Eles foram vendados e mantidos sem água por cerca de 18 horas. "É uma sensação horrível. Não se sabe o que vai acontecer", desabafou Corban em entrevista à Agência Brasil quando ainda estava no Cairo.
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores declarou que o governo brasileiro "deplora" os violentos confrontos no Egito --em especial, os "atos de hostilidade" à imprensa.
Patrick Baz/AFP | ||
Manifestantes contrários ao governo se posicionam em volta dos tanques do Exército para prevenir uma debandada |
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) também divulgou nota prestando solidariedade aos profissionais. "É lamentável que a liberdade de imprensa esteja sendo desrespeitada no Egito, país que passa por uma grave crise política", afirmou o sindicato.
ATAQUE EM SÉRIE
Outros jornalistas estrangeiros que participam da cobertura da crise no Cairo foram atacados ou presos nesta semana.
Muitos disseram ter sido detidos por forças de segurança do Egito --Exército ou polícia --para interrogatório. Alguns foram alvo de ataques por multidões em ruas ou hotéis.
Os ataques geraram críticas de EUA, Suécia, Brasil e Grã-Bretanha, entre outros países, que afirmam que o governo do Egito está violando seus compromissos internacionais em relação ao respeito à liberdade de imprensa.
Organizações internacionais como o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), a Human Rights Watch, a Transparência Internacional e a Anistia Internacional também criticaram o governo egípcio.
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