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Deputados aprovam poderes especiais a governo da Tunísia
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A maioria dos deputados tunisianos votou nesta segunda-feira a favor de uma proposta de lei para conferir ao presidente interino de Tunísia, Fouad Mebazaa, a possibilidade de governar por decreto e evitar com isso a necessidade de aprovar as leis no Parlamento, constituído pelo antigo regime.
Fontes parlamentares indicaram à agência de notícias Efe que mais de 80% dos membros da Assembleia Nacional apoiaram a proposta de conferir ao presidente, em virtude do artigo 28 da Constituição, a faculdade de governar por decreto de lei.
Segundo Tareq Chabuni, um dos dois parlamentares do movimento opositor Etajdid, "a votação foi muito rápida, só 16 deputados votaram contra e um se absteve".
Zoubier Souissi/Reuters | ||
Premiê da Tunísia, Mohamed Ghannouchi, pede que deputados aprovem poderes especiais a governo interino |
O primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ghannouchi, defendeu a concessão de faculdades extraordinárias ao presidente no início da sessão plenária "por enquanto de crise que vive o país" e destacou que se tratava "da melhor opção para não perder tempo a fim de acometer as urgentes reformas necessárias".
"A Tunísia enfrenta perigos e pessoas que querem levar o país à marcha ré, mas devemos honrar os mártires que lutaram pela liberdade", afirmou Ghannouchi.
Das 214 cadeiras da Câmara, 161 delas pertencem à Reunião Constitucional democrática (RCD), o partido que dominava todas as molas do poder no regime do ditador deposto Zine el Abidine Ben Ali e que teve todas as atividades suspensas pelo governo no domingo.
Enquanto se desenvolvia a sessão plenária desta segunda-feira, a primeira desde a fuga do país de Ben Ali, centenas de manifestantes reivindicaram a dissolução da Assembleia por considerá-la "não democrática e representante da ditadura".
A Câmara de Conselheiros deve aprovar ainda na próxima quarta-feira o projeto de lei que atribui plenos poderes ao presidente e que lhe permitirá aprovar decretos sobre questões chaves como a anistia geral, os direitos humanos, a legalização de partidos e a lavagem de dinheiro.
MAIS PROTESTOS
Mais de 40 pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave, em um incêndio ocorrido domingo em uma delegacia de Kef, segundo fontes médicas do hospital da cidade, que fica ao noroeste da capital, Túnis.
A cidade montanhosa de Kef viveu nos últimos sábado e domingo confrontos violentos entre policiais e manifestantes que pediam que o chefe da polícia local deixasse o cargo.
Efe | ||
Restos de veículos incendiados em rua de Kef, ao norte de Túnis, onde manifestantes protestaram contra polícia |
Acusado de abuso de poder, o comissário Jaled Ghazuani esbofeteou um manifestante, foi vaiado pela multidão e matou a tiros um jovem de 17 anos que estava tirando fotos com seu telefone celular.
"Meu irmão Fathi correu para abraçar o jovem. Quando viu que ele tinha parado de respirar, se enfureceu e começou a insultar o comissário. E o comissário disparou outra vez", contou Yalal Yaalai.
No total, dois manifestantes morreram no ato --mortes causadas por Ghazuani, segundo o Ministério do Interior, que desmentiu que havia quatro mortos, como informado por sindicalistas.
Segundo uma fonte sindical, Ghazuani foi preso.
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