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08/02/2011 - 09h29

Julgamento de ex-ditador da Libéria entra na etapa final

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A acusação e a defesa no julgamento contra o ex-presidente da Libéria Charles Taylor começam nesta terça-feira a pronunciar as alegações finais no Tribunal Especial para Serra Leoa, em Haia.

Após mais de três anos de julgamento a milhares de quilômetros de onde sucederam os fatos por razões de segurança, a causa contra o criminoso de guerra africano entra nesta terça-feira em sua etapa final, a última antes da fase de deliberações dos magistrados. Em seguida, será pronunciada a sentença, que deve ser definida no final de ano.

Estima-se que a defesa de Taylor reitere a declaração de inocência que o acusado repetiu durante todo o processo.

Segundo seus advogados, o ex-líder é "um homem de paz" que somente tentou proteger a Libéria de possíveis ataques do país vizinho.

Taylor nega ter entregado armas aos rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) em Serra Leoa em troca de receber os chamados "diamantes de sangue" extraídos por eles.

Jerry Lampen/AP
Ex-ditador da Libéria Charles Taylor, entre guardas, aguarda início dos argumentos da acusação em Haia
Ex-ditador da Libéria Charles Taylor, entre guardas, aguarda início dos argumentos da acusação em Haia

O tribunal não prevê em seus estatutos a pena de prisão perpétua, mas a detenção de longa duração e sem limite previsto. Assim, na prática, Taylor poderia morrer preso no Reino Unido, onde se espera que cumpra a sentença caso seja considerado culpado.

Ao longo do julgamento, foram ouvidas mais de 110 testemunhas, embora o momento de mais expectativa tenha acontecido em agosto de 2010, quando depôs a modelo Naomi Campbell, que o ditador teria presenteado com supostos "diamantes de sangue" com os quais financiava as guerrilhas.

A partir das declarações de Naomi, das de sua ex-agente Carole White e da atriz Mia Farrow, a acusação tentou demonstrar aos juízes que Taylor mentiu quando afirmou durante o julgamento que nunca havia colocado as mãos em diamantes brutos.

Apesar de as três mulheres terem afirmado que a modelo recebeu diamantes na noite seguinte a um jantar em 1997 na África do Sul, na residência do então presidente do país, Nelson Mandela, não concordaram no número das pedras --uma só, segundo Mia Farrow, três, segundo Naomi, cinco ou seis, segundo Carole.

Os promotores também terão dificuldades para provar que esses diamantes provinham dos "homens de Taylor", visto que a defesa do ex-presidente liberiano forçou Carole a reconhecer que somente "supunha" que quem levou os diamantes à modelo trabalhava para ele.

Conhecidas como 'diamantes de sangue', as pedras preciosas em Serra Leoa eram extraídas com mão-de-obra escrava, boa parte da qual formada por crianças.

WIKILEAKS

O advogada de Taylor, Courtenay Griffiths, tem questionado a independência e a imparcialidade do tribunal. Ele disse que a defesa precisava de tempo para responder a um documento secreto da diplomacia dos Estados Unidos, vazado pelo site WikiLeaks, que sugeria que o processo contra Taylor era politicamente motivado.

A embaixadora americana na Libéria, Linda Thomas-Greenfield, escreveu em um telegrama de 10 de março de 2009 que se Taylor for absolvido ou receber uma sentença leve, seu retorno à Libéria poderia "fazer pender a balança em uma paz frágil".

 

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