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09/02/2011 - 08h55

Chancelaria em Caracas vira "puxadinho" de desabrigados

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FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Um trio de estudantes uniformizadas --saia marrom acima do joelho e mochilas-- passa pelo detector de metais, mostra o crachá à recepcionista e caminha até o pátio no casarão que abriga a Chancelaria da Venezuela, no centro de Caracas.

Não são estagiárias nem vieram fazer uma pesquisa. Elas moram, desde dezembro, no Ministério das Relações Exteriores.

Se elas tivessem chegado um pouco antes, teriam topado ali com o chanceler do Brasil, Antonio Patriota, que se reunia no andar de cima com seu colega Nicolas Maduro, em sua primeira visita oficial ao país, anteontem.

Jorge Silva-7.fev.2011/Reuters
Ao lado do colega Maduro (dir.),o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, fala com desabrigado em enchente, em Caracas
Ao lado do colega Maduro (dir.),o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, fala com desabrigado em enchente, em Caracas

Patriota e Maduro já haviam passado pelo pátio e cumprimentado, diante das TVs, alguns dos moradores.

As 30 famílias que dividem salas com até oito beliches são um dos símbolos da abordagem que o governo Hugo Chávez crê ser revolucionária para enfrentar os prejuízos causados pelas chuvas de novembro.

O grupo faz parte dos 130 mil desabrigados deixados pelas enchentes.

O lema é que as famílias se refugiem de preferência em locais de grande simbolismo do Estado ou "instituições capitalistas" igualmente impactantes: eles estão na Chancelaria, no palácio presidencial, o Miraflores, num shopping center expropriado e em hotéis de todo tipo --de baratos a resorts no litoral.

Em janeiro, Chávez baixou até uma lei específica para os abrigos. "Todos terão direito a um refúgio digno."

O presidente, empolgado, chegou até a propor jogos inter-refúgios para integrar os afetados, o que foi motivo de troça para a oposição.

Na Chancelaria, os desabrigados andam com desenvoltura, e as crianças usam o pátio para uma minipelada de futebol, enquanto a reunião diplomática segue lá em cima. Outros transitam, toalha no ombro, rumo a um dos três banheiros coletivos.

Auri, 4, e Sairé, 6, se divertem num jogo galáctico na sala de imprensa. "Você fala chinês?", lança Auri, curiosa com a presença estrangeira.

Andreína Martínez, 14, parece entediada. Diz ter esperança de sair antes do fim do ano. "Cansa. O presidente prometeu um apartamento."

Ao lado dela, um cartaz: "O refúgio deve ser um centro de formação e criação do homem novo", com a assinatura de Chávez.

 

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