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09/02/2011 - 08h44

Julgamento de ex-ditador da Libéria é adiado após boicote do réu

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-ditador da Libéria Charles Taylor boicotou seu processo nesta quarta-feira pela segunda vez consecutiva ao não se apresentar na sala do Tribunal Especial de Serra Leoa, em Haia, e o julgamento foi adiado até a próxima sexta-feira.

A juíza que preside o caso, Teresa Doherty, informou à sala que "Taylor recusou seu direito a se apresentar" e esclareceu que "não há razão médica alguma" que explique sua ausência.

No início da audiência, uma integrante da equipe de defesa, que não é representante legal de Taylor, informou à corte que desconhecia os motivos da ausência do acusado na sala e a promotoria pediu então que os juízes checassem se não havia motivos médicos para isso.

O tribunal julga Taylor desde 2008 por supostos crimes de guerra cometidos durante a guerra civil em Serra Leoa (1991-2002).

Nesta quarta-feira, começou a fase final do processo, na qual as partes devem apresentar suas últimas alegações antes da sentença. Taylor aproveitou um intervalo para não voltar à sala, depois que seu advogado abandonou a audiência como protesto pelos juízes terem rejeitado um documento apresentado fora de prazo e que era considerado vital para a defesa.

Taylor, 63, é acusado de 11 crimes por sua suposta colaboração com organização rebelde de Serra Leoa RUF, à qual financiava em troca do controle das minas de diamantes no país vizinho à Libéria.

Na terça-feira, os promotores apresentaram evidências para mostrar que Taylor dirigiu os rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) numa campanha de terror contra os civis de Serra Leoa.

O ex-ditador nega ter entregado armas aos rebeldes da RUF em Serra Leoa em troca de receber os chamados "diamantes de sangue" extraídos por eles.

Segundo seus advogados, o ex-líder é "um homem de paz" que somente tentou proteger a Libéria de possíveis ataques do país vizinho.

O tribunal não prevê em seus estatutos a pena de prisão perpétua, mas a detenção de longa duração e sem limite previsto. Assim, na prática, Taylor poderia morrer preso no Reino Unido, onde se espera que cumpra a sentença caso seja considerado culpado.

Ao longo do julgamento, foram ouvidas mais de 110 testemunhas, embora o momento de mais expectativa tenha acontecido em agosto de 2010, quando depôs a modelo Naomi Campbell, que o ditador teria presenteado com supostos "diamantes de sangue" com os quais financiava as guerrilhas.

A partir das declarações de Naomi, das de sua ex-agente Carole White e da atriz Mia Farrow, a acusação tentou demonstrar aos juízes que Taylor mentiu quando afirmou durante o julgamento que nunca havia colocado as mãos em diamantes brutos.

Apesar de as três mulheres terem afirmado que a modelo recebeu diamantes na noite seguinte a um jantar em 1997 na África do Sul, na residência do então presidente do país, Nelson Mandela, não concordaram no número das pedras --uma só, segundo Mia Farrow, três, segundo Naomi, cinco ou seis, segundo Carole.

Os promotores também terão dificuldades para provar que esses diamantes provinham dos "homens de Taylor", visto que a defesa do ex-presidente liberiano forçou Carole a reconhecer que somente "supunha" que quem levou os diamantes à modelo trabalhava para ele.

Conhecidas como "diamantes de sangue", as pedras preciosas em Serra Leoa eram extraídas com mão-de-obra escrava, boa parte da qual formada por crianças.

WIKILEAKS

O advogada de Taylor, Courtenay Griffiths, tem questionado a independência e a imparcialidade do tribunal. Ele disse que a defesa precisava de tempo para responder a um documento secreto da diplomacia dos Estados Unidos, vazado pelo site WikiLeaks, que sugeria que o processo contra Taylor era politicamente motivado.

A embaixadora americana na Libéria, Linda Thomas-Greenfield, escreveu em um telegrama de 10 de março de 2009 que se Taylor for absolvido ou receber uma sentença leve, seu retorno à Libéria poderia "fazer pender a balança em uma paz frágil".

 

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