Publicidade
Publicidade
Governo peruano faz campanha para mudar "hino humilhante"
Publicidade
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Em nome de um país mais "otimista" e com "visão de futuro", o governo do Peru estabeleceu uma diretriz nas escolas: os alunos devem esquecer a primeira estrofe do Hino Nacional para entoar com "fervor patriótico" apenas a sexta estrofe e o refrão.
O excerto vetado --não aparece nem na página da Presidência-- incomoda o governo e alguns estudiosos porque canta um peruano "condenado a uma cruel servidão" que "durante muito tempo em silêncio gemeu".
Como arremate, a estrofe fala em "sacudir a indolência do escravo".
Para não seguir repetindo uma letra que "destaca submissão e resignação", o vice-ministro de Coordenação Pedagógica, Idel Vexler, lançou a campanha pela mudança em agosto passado.
Um ano antes, o Ministério da Defesa já tinha ordenado a mudança em seus eventos, causando certa confusão na audiência --daí a ofensiva educativa.
Não é a primeira vez que se tenta mudar o hino, mas as iniciativas anteriores fracassaram, e a atual tampouco é unanimemente aceita.
Os críticos da medida citam decisão do Tribunal Constitucional peruano, de 2005, que estabeleceu que a primeira estrofe era "apócrifa", mas que deveria continuar porque estava consagrada pelo uso popular.
O tribunal também afirmou que uma outra estrofe --que criticava duramente a Espanha-- havia sido suprimida e por isso deveria ser reintegrada.
Já para o consultor Julio César Rivera Dávalos, que há mais de duas décadas se dedica à causa da mudança do hino, a campanha é positiva, mas apenas "um paliativo".
"Fico alegre porque o governo reconhece que há um problema com o hino, que incide na baixa autoestima do peruano e passa uma mensagem de pessimismo e desintegração", disse à Folha Rivera, autor de "El Poder de un Símbolo Patrio" ("O poder de um símbolo pátrio", San Marcos, 2008).
Rivera defende que o governo faça a mudança ser aprovada pelo Congresso, como determina a lei. "Compare o nosso com o hino brasileiro. O de vocês exalta belezas naturais, qualidades. Isso causa impacto no consciente coletivo."
A discussão da "peruanidade", suas causas e efeitos, está na ordem do dia, e não apenas por causa do hino.
Foi citada pelo presidente Alan García, que deixa o cargo em julho, para explicar por que, apesar do crescimento recorde da economia peruana, sua popularidade não passa dos 30%.
"Somos como somos, tristões, desconfiados, sofremos uma invasão brutal... [...] O senhor me pergunta por que nosso povo me concede baixa aceitação. Assim é o nosso povo. Não venho governar para os brasileiros, que têm outro tipo de raça, de alegrias e sol", afirmou.
+ Canais
- Acompanhe o blog Pelo Mundo
- Acompanhe a Folha Mundo no Twitter
- Acompanhe a Folha no Twitter
- Conheça a página da Folha no Facebook
+ Notícias de Mundo
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice