Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/02/2011 - 23h09

Hillary diz que Irã deve preservar liberdade na internet

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após a dura reação do Parlamento e do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, frente ao milhares de opositores que saíram às ruas de Teerã na segunda-feira, quando ao menos dois morreram, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton disse que o país precisa preservar a liberdade de acesso à internet e reconheceu o poder das redes sociais nas revoltas que ocorrem na região.

Em discurso na Universidade George Washington, Hillary disse que os Estados Unidos apoiam as "liberdades de expressão, reunião e relacionamento on-line" e acrescentou que os protestos no Egito e Irã, alimentados por Facebook, Twitter e YouTube, refletem o poder das tecnologias de conexão como um "acelerador das mudanças política, social e econômica".

"Este é um momento crítico", disse. "As escolhas que fizermos hoje determinarão como será a internet no futuro".

Numa crítica direta à República Islâmica, que bloqueou o acesso à internet durante os protestos, disse que "os que reprimem a liberdade na Internet podem ser capazes de bloquear a plena expressão dos anseios de um povo por um tempo, mas não para sempre".

Ela mencionou ainda China, Cuba, Irã, Mianmar, Síria e Vietnã como países que restringem o acesso à Internet ou detêm blogueiros que criticam o governo.

A chefe da diplomacia americana disse ainda que a publicação dos telegramas diplomáticos secretos americanos pelo site WikiLeaks foi um "latrocínio" e que isto nada tem a ver com o compromisso americano com uma internet aberta.

EUA X IRÃ

Em meio à forte repressão iraniana aos protestos de ontem (14) no centro de Teerã e após o Parlamento ter jurado morte aos opositores que convocaram as manifestações, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que a revolta "vai fracassar".

A ameaça chega horas após seu colega americano, Barack Obama, ter pedido "coragem" aos iranianos para que os protestos não sejam interrompidos.

AFP/Efe
Após protestos, Obama (dir.) e Ahmadinejad trocam acusações indiretas; crise aumenta impasse entre EUA e Irã
Após protestos, Obama (dir.) e Ahmadinejad trocam acusações indiretas; crise aumenta impasse entre EUA e Irã

Ecoando os gritos dos parlamentares iranianos que mais cedo pediram "morte aos Estados Unidos", "morte a Israel" e "morte a [Mir Hossein] Mousavi e Mehdi Karroubi", líderes do reprimido movimento reformista, o líder da República Islâmica ameaçou os "inimigos" do país e disse que suas intenções de alimentar os protestos fracassarão.

"Está claro e evidente que a nação iraniana tem inimigos porque é um país que quer brilhar e alcançar seu pico, e quer mudar as relações [entre os países] no mundo", disse Ahmadinejad em entrevista ao vivo na emissora estatal.

"Claro que existe muita animosidade, mesmo contra o governo. Mas eles (os organizadores dos protestos) vão fracassar", disse quando questionado sobre a reação aos protestos contra o governo que ocorreram ontem (14).

Duas pessoas morreram nas manifestações e muitos ficaram feridos, incluindo nove membros das forças de segurança, afirmaram fontes oficiais.

Os Estados Unidos e Irã não têm relações diplomáticas oficiais desde a Revolução Islâmica, em 1979. Washington lidera o grupo de países que acusa Teerã de manter um programa nuclear militar, acusação que os iranianos negam.

Sob influência americana, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou no ano passado uma rodada de sanções contra o país persa por suas atividades de enriquecimento de urânio.

OBAMA

Mais cedo, Obama disse que era irônico que Teerã tenha aplaudido as manifestações populares que derrubaram o ditador Hosni Mubarak no Egito, mas "prenda e golpeie quem quer se expressar livremente" no país.

O presidente também disse que os Estados Unidos enviaram uma "mensagem clara" aos seus aliados no Oriente Médio, dando como exemplo as mudanças políticas ocorridas no Egito e que os governos na região estão começando a entender a "fome por mudança" de seus povos.

AFP
Os líderes da oposição Mir Hossein Mousavi (dir.) e Medi Karroubi convocaram as manifestações em Teerã
Os líderes da oposição Mir Hossein Mousavi (dir.) e Medi Karroubi convocaram as manifestações em Teerã

Nesta segunda-feira, em meio aos intensos confrontos entre manifestantes e as forças de segurança, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que os EUA apoiam as demandas dos opositores e saudou a coragem e as aspirações dos que protestam contra o governo Ahmadinejad. Segundo ela, a República Islâmica precisa "abrir" seu sistema político.

"Queremos para a oposição e o povo heroico nas ruas e nas cidades de todo o Irã as mesmas oportunidades que alcançaram seus homólogos egípcios na semana passada", disse Hillary à imprensa. "Apoiamos os direitos universais do povo iraniano. Merecem os mesmos direitos [dos exigidos pelos egípcios], que são parte de seus direitos naturais".

DESENTENDIDO

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Ramin Mehmanparast, criticou mais cedo as declarações de Hillary e disse que Washington interpreta de forma errônea o que ocorre no Oriente Médio. Ele alega que a onda de protestos no mundo árabe é contra a influência dos Estados Unidos e do sionismo.

"Os comentários que fazem os responsáveis norte-americanos estes dias emanam da confusão devido às mudanças que se estão ocorrendo na região", afirmou, em sua habitual entrevista coletiva semanal.

Raouf Mohseni/Reuters
Parlamentares iranianos pedem a morte de líderes da oposição acusados de "corrupção na Terra" por fomentar protestos
Parlamentares iranianos criticam oposição e Estados Unidos por protestos da oposição

"Essas mudanças infligem um dano aos interesses dos poderes dominantes e daqueles que respaldam o sionismo. Com este tipo de declarações unicamente tentam ocultar este fato", acrescentou o porta-voz.

Também nesta terça-feira, o presidente do Parlamento iraniano, Alí Larijani, acusou os Estados Unidos e seus aliados de dar apoio à oposição.

"O principal objetivo dos americanos é simular os recentes eventos no Oriente Médio no Irã, para divergir as atenções desses países", disse o presidente da Casa, em referência aos protestos que invadem o mundo árabe e que já derrubaram ditadores da Tunísia e Egito.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página