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16/02/2011 - 08h03

Delator mentiu sobre existência de armas biológicas em Bagdá

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DE SÃO PAULO

O dissidente iraquiano que teve seu depoimento usado pelo governo George W. Bush (2001-2009) para justificar a invasão do Iraque reconheceu pela primeira vez ter mentido sobre a existência de armas biológicas no regime de Saddam Hussein.

Em entrevista ao jornal britânico "Guardian", Rafid Ahmed Alwan al Janabi, chamado de "Curveball" pela inteligência americana e alemã, disse ter fabricado histórias sobre a existência de armas biológicas móveis, transportadas por meio de caminhões, e fábricas secretas.

"Talvez eu estivesse certo, talvez não", disse. "Eles me deram essa chance. Eu tive a chance de fabricar algo para depor o governo. Eu e meus filhos temos orgulho disso e de que somos a razão por levar a democracia ao Iraque."

As informações de Janabi, que fugiu do Iraque em 1995, basearam a famosa defesa da invasão do país feita pelo então secretário de Estado americano Colin Powell na ONU, que se revelaria infundada.

A entrevista ao "Guardian" acontece oito anos após o discurso de Powell às Nações Unidas sobre a existência das armas e segue o lançamento do livro de memórias do ex-secretário de defesa americano, Donald Rumsfeld --no qual ele reconhece que o Iraque não tinha armas biológicas.

Até então, o iraquiano negara ter inventado a história usada para invadir o país.

Alegando a existência de armas de destruição em massa sob poder de Saddam e de elos entre Bagdá e a rede terrorista Al Qaeda, os EUA promoveram em março de 2003 a invasão do Iraque, de onde devem sair ainda neste ano.

A posterior revelação da inexistência das armas foi motivo de grande constrangimento ao governo Bush.

ALEMANHA

Janabi também disse que fez a confissão fraudulenta sobre as armas pela primeira vez para membros da inteligência alemã.

Ele disse que os agentes alemães o procuraram ao saber que era engenheiro químico. Janabi contou que os alemães acreditavam que ele fabricava armas químicas para Bagdá -informação falsa que ele decidiu confirmar.

"Eu tinha problemas com Saddam. Queria me livrar dele e tive a chance", disse Janabi em entrevista concedida ao "Guardian" na Alemanha, onde ele vive exilado.

Ele disse que foi fácil enganar os agentes pois qualquer engenheiro químico poderia responder às perguntas simples que eles fizeram.

Janabi disse ainda que a própria inteligência alemã descobriu a farsa ao conversar com seu ex-chefe na Comissão de Indústrias Militares do Iraque, Bassil Latif.

Ao ser desmascarado, Janabi admitiu a mentira, mas disse que mesmo assim os alemães continuaram acreditando nela e a repassaram para os EUA.

Foi nesse momento que o iraquiano disse ao "Guardian" ter percebido que seu depoimento seria usado como justificativa de guerra.

Segundo ele, a inteligência alemã só o procurou de novo dois anos depois e ele foi questionado novamente sobre as armas um mês antes do discurso de Powell.

Janabi disse ainda ter criticado o serviço secreto alemão por ter quebrado acordo de não partilhar suas informações com outros países.

 

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