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Líderes da oposição pedem que governo do Irã "escute o povo"
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Dois líderes da oposição iraniana, Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi, pediram ao governo do país que "escute o povo" em uma carta publicada nesta quarta-feira em vários sites opositores. A divulgação do texto ocorre um dia depois de o presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, ter afirmado que a revolta da oposição do país "vai fracassar", e de parlamentares terem pedido a morte dos dois.
"Eu os advirto, liberem os ouvidos antes que seja muito tarde e escutem a voz do povo", escreveu o ex-presidente reformista do Parlamento Mehdi Karoubi, em uma carta publicada em seu site, o Sahamnews.org.
"As ações violentas e a hostilidade ante as exigências da população podem apenas ajudar a manter a situação atual durante certo tempo. Aprendam a lição do destino dos poderes que se afastaram do povo", completa Karoubi, em referência às revoltas no Egito e Tunísia.
AFP | ||
Os líderes da oposição Mir Hossein Mousavi (dir.) e Medi Karroubi convocaram as manifestações em Teerã |
Milhares de iranianos foram às ruas da capital Teerã e outras cidades na segunda-feira para protestar contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad, cuja reeleição, em 2009, consideram fraudulenta. As forças de segurança reprimiram os protestos com balas de borracha e gás lacrimogêneo e ao menos duas pessoas morreram.
Karoubi e o ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi estão sob prisão domiciliar de fato desde as manifestações.
Em uma carta separada publicada no site Kaleme.com, Mousavi critica as autoridades e manifesta satisfação com as manifestações de segunda-feira. "A manifestação gloriosa de 25 Bahman [14 de fevereiro] é um grande êxito do povo e do Movimento Verde [de oposição]", escreveu.
Nesta quarta-feira, partidários do governo entraram em confronto com opositores no funeral de um estudante baleado durante a manifestação de segunda-feira, informou a emissora estatal Irib.
"Alguns incidentes afetaram estudantes e outras pessoas que participavam no funeral do mártir Sanee Jaleh na Universidade de Artes de Teerã", afirma o site da emissora, que atribui os problemas a "um pequeno número de pessoas aparentemente vinculadas ao movimento de sedição", que é como o governo chama a oposição.
O confronto ocorreu durante uma procissão do funeral iniciada na faculdade de artes da Universidade de Teerã, no centro da capital, onde Zhaleh estudava, segundo informou a Irib.
De acordo com o canal, os defensores do poder forçaram a retirada dos opositores.
Sanee Zhaleh foi morto na segunda-feira, durante o primeiro protesto da oposição em mais de um ano, e imediatamente se tornou um mártir tanto para os partidários como para os oponentes do presidente linha-dura do país, Mahmoud Ahmadinejad.
Os dois lados fazem acusações mútuas de responsabilidade pela morte de Zhaleh. Uma outra pessoa --também apresentada pelas autoridades como sendo simpatizante do governo-- morreram durante as manifestações da oposição na segunda-feira em Teerã.
Sanee Jaleh foi apresentado como um "estudante basijj" --membro da milícia islâmica basijj--, mas alguns sites da oposição afirmam que ele era um ativista do movimento Verde.
AFP | ||
Iranianos participam de funeral do estudante Sanee Zhaleh, morto a tiros durante manifestações em Teerã |
'OPOSITORES VÃO FRACASSAR'
Na terça-feira, ecoando os gritos dos parlamentares iranianos que pediram "morte aos Estados Unidos", "morte a Israel" e "morte a Mousavi e Mehdi Karoubi", líderes do reprimido movimento reformista, Ahmadinejad ameaçou os "inimigos" do país e disse que suas intenções de alimentar os protestos fracassarão.
"Está claro e evidente que a nação iraniana tem inimigos porque é um país que quer brilhar e alcançar seu pico, e quer mudar as relações [entre os países] no mundo", disse Ahmadinejad em entrevista ao vivo na emissora estatal.
"Claro que existe muita animosidade, mesmo contra o governo. Mas eles [os organizadores dos protestos] vão fracassar", disse quando questionado sobre a reação aos protestos contra o governo que ocorreram na segunda-feira.
Além dos dois mortos, muitas pessoas ficaram feridas, incluindo nove membros das forças de segurança, afirmaram fontes oficiais.
Os EUA e o Irã não têm relações diplomáticas oficiais desde a Revolução Islâmica, em 1979. Washington lidera o grupo de países que acusa Teerã de manter um programa nuclear militar, acusação que os iranianos negam.
Sob influência americana, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou no ano passado uma rodada de sanções contra o país persa por suas atividades de enriquecimento de urânio.
EUA
Também na terça-feira, antes da fala de Ahmadinejad, o presidente dos EUA, Barak Obama, havia dito ser irônico que Teerã tenha aplaudido as manifestações populares que derrubaram o ditador Hosni Mubarak no Egito, mas "prenda e golpeie quem quer se expressar livremente" no país.
O presidente também disse que os EUA enviaram uma "mensagem clara" aos seus aliados no Oriente Médio, dando como exemplo as mudanças políticas ocorridas no Egito e que os governos na região estão começando a entender a 'fome por mudança' de seus povos.
Já a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que o país precisa preservar a liberdade de acesso à internet e reconheceu o poder das redes sociais nas revoltas que ocorrem na região.
Em discurso na Universidade George Washington, Hillary disse que os EUA apoiam as "liberdades de expressão, reunião e relacionamento on-line" e acrescentou que os protestos no Egito e Irã, alimentados por Facebook, Twitter e YouTube, refletem o poder das tecnologias de conexão como um "acelerador das mudanças política, social e econômica".
"Este é um momento crítico", disse. "As escolhas que fizermos hoje determinarão como será a internet no futuro."
AFP/Efe | ||
Após protestos, Obama (dir.) e Ahmadinejad trocam acusações indiretas; crise aumenta impasse entre EUA e Irã |
Numa crítica direta à República Islâmica, que bloqueou o acesso à internet durante os protestos, disse que "os que reprimem a liberdade na Internet podem ser capazes de bloquear a plena expressão dos anseios de um povo por um tempo, mas não para sempre".
Ela mencionou ainda China, Cuba, Irã, Mianmar, Síria e Vietnã como países que restringem o acesso à internet ou detêm blogueiros que criticam o governo.
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