Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/02/2011 - 09h02

Bahrein usa tanques para dispersar manifestantes; 4 morreram

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças de segurança do Bahrein, apoiadas por dezenas de tanques blindados, invadiram sem aviso prévio a praça Pearl, no centro da capital, Manama, para expulsar, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, milhares de manifestantes antigoverno. Ao menos quatro pessoas morreram e cem ficaram feridas, elevando a seis o número de mortos durante quatro dias de protestos.

Milhares de manifestantes xiitas saíram às ruas do país nesta semana pedindo reformas políticas e melhorias econômicas no país, onde uma família de muçulmanos sunitas governa uma população que é majoritariamente xiita.

Centenas de pessoas acamparam na praça Pearl, um cruzamento na capital que eles pretendiam transformar em base dos protestos como aconteceu com a praça Tahrir, no Cairo, que levou à renúncia do ditador egípcio, Hosni Mubarak, na última sexta-feira.

Tony Mitchell/AP
Imagem de vídeo mostra veículos blindados seguindo para a praça Pearl, em Manama, ocupada por manifestantes
Imagem de vídeo mostra veículos blindados seguindo para a praça Pearl, em Manama, ocupada por manifestantes

Mas a praça bareinita estava praticamente vazia no início desta manhã, depois de a polícia ter invadido o local, que estava cheio de barracas abandonas, cobertores e lixo, O cheiro de gás lacrimogêneo pairava no ar.

"Eu estava lá. Os homens estavam correndo, mas as mulheres e as crianças não podiam correr tão facilmente", disse Ibrahim Mattar, um parlamentar do principal bloco de oposição xiita, o Wefaq, que abandonou o Parlamento do país.

Mahmoud Mansouri, um manifestante, disse que a polícia cercou a praça e então, rapidamente, a invadiu. "Gritamos 'estamos em paz! Paz!". Mulheres e crianças foram atacadas como o resto de nós", contou. "Eles moveram assim que a imprensa nos deixou. Eles sabiam o que estavam fazendo."

O médico Sadek Akikri, 44, disse que estava atendendo manifestantes em uma tenda improvisada quando a polícia a invadiu. Ele contou ter sido amarrado e espancado.

"Eles estavam me espancando tão forte que eu não podia mais ver. Tinha muito sangue escorrendo da minha cabeça", contou.

Os manifestantes começaram a acampar no local na última terça-feira, debaixo de um monumento de 90 metros representando uma pérola gigante (pearl, em inglês, significa pérola), fazendo da praça o centro nervoso dos primeiros protestos antigoverno que atingiram o golfo Pérsico desde as revoltas populares na Tunísia e no Egito.

O Parlamento do Bahrein se reuniu em uma sessão de emergência. Um membro pró-governo, Jamila Salman, derramou lágrimas.

Muitas famílias foram separadas no caos. Um fotógrafo da Associated Press viu policiais reunindo crianças perdidas e as levando para veículos.

O correspondente da rede americana ABC News, Miguel Marquez, foi apanhado no meio da multidão e espancado por homens que levavam cassetetes. No entanto, ele não teve ferimentos graves.

Funcionários de hospitais, falando sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a conversar com a imprensa, afirmaram que quatro pessoas foram mortas nesta terça-feira. O número de feridos chega a dezenas --o espanhol "El País" cita 300.

Choques esporádicos entre policiais e manifestantes continuaram pela manhã, com antigovernistas jogando pedras e depois recuando. Um grupo de jovens homens quebrou o pavimento para conseguir mais pedras.

Um corpo coberto com um lençol branco estava em meio a uma poça de sangue em uma rua localizada a 20 metros da praça.

Tanques e veículos blindados eram vistos em algumas ruas --o primeiro sinal de envolvimento militar na crise-- e autoridades enviaram uma mensagem de texto para telefones celulares que dizia: "O Ministério do Interior alerta todos os cidadãos e residentes para não saírem de casa devido a conflito potencial em todas as áreas do Bahrein".

PROTESTOS

Os protestos no Bahrein começaram na última segunda-feira como um pedido para que a monarquia sunita que comanda o país afrouxe o controle, incluindo não indicar mais pessoas para os cargos governamentais mais altos e abrir mais oportunidades para a população xiita, que é maioria no país e há muito reclama de ser excluída do processo de tomada de decisões.

Joseph Eid/AFP
Forças de segurança do Bahrein, ao fundo, fazem guarda na praça Pearl após a expulsão de manifestantes
Forças de segurança do Bahrein, ao fundo, fazem guarda na praça Pearl após a expulsão de manifestantes

Mas as demandas rapidamente ficaram maiores. Muitos manifestantes pedem que o governo ofereça mais empregos, melhores moradias e liberte todos os prisioneiros políticos. Eles também gritam frases contra a monarquia que tem liderado o Bahrein por mais de 200 anos.

Chamados feitos por meio de redes sociais na internet pressionam para que a população leve adiante os protestos, além de estarem cheias de insultos por parte de supostos partidários do governo que chamam os manifestantes de traidores e de agentes do xiita Irã.

O líder do maior bloco político xiita, xeque Ali Salman, afirmou que não há pedidos por um papel do islã na política. "Não estamos buscando um governo religioso como o do Irã, mas queremos um governo civil que represente xiitas e sunitas", afirmou em uma entrevista coletiva.

O grupo, o Al Wefaq, tem 18 cadeiras em um Parlamento composto por 40, mas boicotou a Casa em protesto pela violência contra os manifestantes.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página