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17/02/2011 - 13h42

Líbia destitui chefe da segurança por mortes em protesto

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Ministério do Interior líbio destituiu nesta quinta-feira um alto responsável pela segurança local após a morte de duas pessoas em manifestações contrárias ao governo em Bayida, cidade localizada 1.200 km a leste da capital do país, Trípoli.

Segundo o jornal "Quryna", que cita "fontes de segurança bem informadas", o ministério destituiu o coronel Hasan Kardaui, diretor da segurança de Al Jabal al Akhdar, capital da região, após a "morte de dois jovens" na noite da quarta-feira.

Os dois mortos são Jaled Janfer e Saad el Yamani, diz o jornal, que afirma que os manifestantes "abriram fogo contra vários carros de polícia e cidadãos".

O "Quryna" diz ainda que a polícia municipal fechou os locais comerciais em Bayida, o que gerou incidentes entre seus proprietários e a polícia.

A oposição líbia e ONGs afirmam, no entanto, que enfrentamentos entre as forças de segurança e manifestantes contrários ao ditador Muammar Gaddafi já deixaram quatro mortes.

"As forças de segurança e as milícias dos comitês revolucionários dispersaram a tiros uma manifestação pacífica de jovens na cidade de Bayida, provocando pelo menos quatro mortes e deixando vários feridos", afirma um comunicado da Libya Watch, uma organização de defesa dos direitos humanos baseada em Londres.

Mahmud Turkia/AFP
Partidário Muammar Gaddafi desfila em Trípoli com a foto do líder para se contrapor a "Dia de Fúria" da oposição
Partidário Muammar Gaddafi desfila em Trípoli com a foto do líder para se contrapor a "Dia de Fúria" da oposição

Portais da oposição, entre eles o Libia AlYoum, também com sede em Londres, informaram o mesmo balanço de quatro manifestantes mortos a tiros.

Centenas de seguidores de Gaddafi se reuniram nesta quinta-feira na capital do país para se contraporem ao "Dia de Fúria" convocado por ativistas de oposição inspirados nas recentes rebeliões contra as ditaduras do Egito e Tunísia.

Mesmo assim, os manifestantes antigoverno tomaram as ruas de quatro cidades do país. "Hoje os líbios quebraram a barreira do medo, é um novo amanhecer", afirmou Faiz Jibril, um líder da oposição no exílio.

A entidade americana Human Rights Watch disse que as autoridades líbias detiveram 14 ativistas, escritores e manifestantes que preparavam protestos contra o governo.

Num país onde manifestações de dissidência raramente são toleradas, o protesto vem sendo organizado por ativistas anônimos por meio de redes sociais como Facebook e Twitter. Em alguns pontos do país, os serviços telefônicos estão cortados.

Gaddafi governa a Líbia desde 1969, e é o mais veterano líder africano. Agora o país começa a sentir os efeitos das revoltas que recentemente derrubaram ditaduras nos vizinhos Egito e Tunísia.

Um repórter da agência de notícias Reuters disse que os partidários do governo se reuniram na praça Verde, perto da parte velha da capital, Trípoli. "Estamos defendendo Gaddafi e a revolução!", gritavam eles. "A revolução continua!"

Na Líbia, o golpe militar que levou o coronel ao poder em 1969 é chamado de revolução.

Em Trípoli, não havia sinais de protestos contra o governo. Na rua Omar al Mokhtar, principal artéria da capital, o tráfego era normal. Bancos e lojas estavam abertos, e não havia reforço policial.

Testemunhas e a imprensa local relataram que centenas de pessoas entraram em choque com a polícia e com partidários de Gaddafi na noite de terça-feira em Benghazi, cerca de 1.000 quilômetros a leste de Trípoli. Na noite de quarta-feira, era impossível entrar em contato com testemunhas nessa cidade, porque as conexões telefônicas aparentemente estavam interrompidas.

Sem citar os distúrbios, Gaddafi declarou numa entrevista divulgada na quarta-feira que "os revolucionários" --seus partidários-- irão prevalecer. "Abaixo os inimigos, abaixo em todo lugar; abaixo os fantoches em todo lugar, os fantoches estão caindo, as folhas do outono estão caindo", afirmou ele, segundo a BBC. "Os fantoches dos EUA, os fantoches do sionismo estão caindo."

Uma alta fonte do governo líbio disse, também à BBC, que as autoridades "não permitirão que um grupo de pessoas saia por aí à noite brincando com a segurança da Líbia".

Embora alguns líbios se queixem do desemprego, da desigualdade social e das restrições às liberdades políticas, analistas acham improvável que o país tenha uma rebelião como a do Egito, porque o governo pode usar os dividendos do petróleo para aplacar a maior parte dos descontentamentos sociais.

EUA

Nesta quarta-feira, os Estados Unidos pediram que o regime do ditador Gaddafi, há 42 anos no poder, assim como os de outros países atingidos por protestos, atendam às demandas sociais.

"Os países da região têm o mesmo tipo de objetivos em termos demográficos, aspirações do povo e necessidade de reformas", disse em coletiva de imprensa o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip J. Crowley.

"Estimulamos estes países a tomar ações específicas que respondam às aspirações, necessidades e esperanças do povo. A Líbia certamente está nessa categoria", completou o porta-voz.

Em 2008, Washington enviou um embaixador à Líbia pela primeira vez desde 1972, depois que ambos os governos normalizaram suas relações bilaterais após a compensação econômica líbia às vítimas americanas de um ataque terrorista ocorrido na década de 1980.

 

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