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18/02/2011 - 09h23

Milhares pedem fim da dinastia governante do Bahrein

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Milhares de pessoas que foram às ruas do Bahrein nesta sexta-feira para o funeral dos mortos durante uma operação de forças de segurança contra a praça que manifestantes pró-reformas estavam acampados pediram, pela primeira vez desde o início da onda de protestos no país, o fim da dinastia sunita que governa o país há mais de 40 anos.

Segundo o jornal britânico "Guardian", a reação contra o rei Hamad bin Issa al Khalifa e seu círculo mais próximo reflete a escalada nas reivindicações iniciais feitas pelos manifestantes, para que a monarquia sunita que comanda o país afrouxe o controle, incluindo não indicar mais pessoas para os cargos governamentais mais altos e abrir mais oportunidades para a população xiita, que é maioria no país e há muito reclama de ser excluída do processo de tomada de decisões.

Hasan Jamali/AP
Bareinitas participam de procissão em Karzakan no funeral de vítimas de ação repressiva contra manifestantes
Bareinitas participam de procissão em Karzakan no funeral de vítimas de ação repressiva contra manifestantes

"Nos limitávamos a pedir a demissão do premiê, mas agora pedimos o mesmo para a família real", afirmou ao jornal "El País" Ahmed Makki Abu Taki, cujo irmão Mahmud, 27, foi morto na operação de quinta-feira na praça Pérola, centro da capital bareinita, Manama.

Ao menos quatro pessoas morreram e 231 ficaram feridas quando forças de segurança --apoiadas por tanques e veículos blindados-- invadiram a praça, sem aviso prévio, e expulsaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dezenas foram presos.

O mais importante clérigo xiita do país, xeque Issa Qassem, descreveu o ataque como um "massacre" e disse que o governo fechou as portas ao diálogo. Qassem discursou a milhares de pessoas reunidas para as orações de sexta-feira em uma mesquita numa vila xiita no noroeste da ilha.

A maioria dos manifestantes xiitas pretendiam transformar a praça Pérola em uma base semelhante à praça Tahrir, no Cairo, o epicentro da revolta popular que terminou com a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que estava há 30 anos no poder.

Os xiitas foram 70% da população do Bahrein, mas o país é governado pela dinastia sunita Khalifa.

As pessoas que participaram de procissões no vilarejo de Sitra, sul de Manama, por três dos mortos, gritavam: "O povo quer a queda do regime".

A polícia manteve-se afastada, apesar de um helicóptero acompanhar a marcha. Na terça-feira, um manifestante foi morto em um outro funeral.

Dentro da mesquita, homens lavavam o corpo do estudante de 22 anos Mahmoud Abu Taki. "Ele me disse antes de ir lá [na praça Pérola]: 'não se preocupe pai, eu quero liberdade'", disse seu pai, Mekki Abu Taki, 53. "Claro que os protestos vão continuar."

Em uma pequena demonstração pró-regime em Manama, dezenas de carros que levavam a bandeira vermelha e branca do Bahrein foram em carreata até a mesquita Fateh, a maior da capital.

Uma das bandeiras levava o nome do rei bareinita. Diversos carros da polícia estavam estacionados do lado de fora da mesquita.

CONTENÇÃO

Nesta quinta-feira, quarto dia de protestos que, no total, já deixaram ao menos seis mortos, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu que o governo do Bahrein não utilize a violência para conter as manifestações e reiterou que Washington se opõe à repressão violenta por parte das forças de segurança.

Obama "considera que devemos nos opor ao uso da violência pelo governo do Bahrein", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, e completou que o presidente americano rejeita qualquer tipo de repressão contra manifestações pacíficas na região.

Hassan Ammar/AP
Milhares de pessoas participam de funeral de Mahmoud Maki Abu Taki, 22, morto em confrontos com a polícia do Bahrein
Milhares de pessoas participam de funeral de Mahmoud Maki Abu Taki, 22, morto em confrontos com a polícia do Bahrein

Mais cedo a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ligou para o ministro de Relações Exteriores do Bahrein para registrar a "profunda preocupação" com os últimos acontecimentos no país.

Segundo o Departamento de Estado americano, Hillary frisou ainda ao ministro bareinita Sheij Jaled bin Ahmad al Jalifa sobre a importância dos "esforços com vistas para reformas políticas e econômicas, para dar uma resposta aos cidadãos do país".

O Pentágono também fez um apelo por calma no país. "O Bahrein é um parceiro importante e o departamento está acompanhando de perto os acontecimentos", disse o porta-voz do Pentágono, Dave Lapan. "Pedimos que todas as partes tenham moderação e evitem a violência", acrescentou.

A quinta frota naval americana, que projeta o poderio militar dos EUA pelo Oriente Médio e Ásia central --incluindo Iraque e Afeganistão--, fica baseada pelo de Manama.

 

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