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28/02/2011 - 08h03

Ministro acusado de plágio causa "guerra" na imprensa alemã

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RODRIGO ZULETA
DA EFE, EM BERLIM

O caso do ministro da Defesa alemão, Karl Theodor zu Guttenberg, que renunciou ao título de doutor após ter sido acusado de plágio na tese de doutorado, suscitou uma guerra midiática entre o jornal "Bild" e a revista "Der Spiegel".

O "Bild", defensor de Guttenberg, e a "Der Spiegel", que não poupa críticas ao ministro, passaram dias trocando pequenos ataques. Agora, a "Der Spiegel" decidiu realizar uma ofensiva frontal e traz em sua capa da próxima semana o "Bild" --a que chama de "incendiário".

A capa da revista dá a impressão de um grande incêndio em vermelho, sobre as quais destacam, em tamanho gigante e em branco, as letras da palavra "Bild", e uma espécie de subtítulo que diz "os incendiários", referindo-se à equipe de redação do jornal mais lido do país.

Maurizio Gambarini/Efe
Mulher lê edição do "Bild" que pede libertação de jornalistas no Irã; jornal é chamado de incendiário por revista
Mulher lê edição do "Bild" que pede libertação de jornalistas no Irã; jornal é alvo de ataque

No editorial, o ataque prossegue com um comentário que começa com certo comedimento e depois se radicaliza, para afirmar que o diário --um tabloide com traços sensacionalistas-- está assumindo o papel de "um partido populista de direita". A prestigiosa revista alemã acusa ainda o jornal de ter manipulado dados de suas próprias enquetes para torná-las mais favoráveis ao ministro da Defesa.

Segundo a "Der Spiegel", essa afirmação se baseia nas conclusões de um grupo de redatores que examinaram os padrões éticos do "Bild" e cujo relatório, que aparece na nova edição, só não tinha sido publicado ainda em consideração aos dois repórteres do jornal que estavam detidos no Irã.

Mas as acusações vão além e "Der Spiegel" chega a analisar outras campanhas recentes do "Bild", como a investida deste contra os empréstimos da União Europeia à Grécia --recomendando aos gregos que vendessem suas ilhas para pagar a dívida nacional--, e às críticas do jornal contra receptores de ajuda social e estrangeiros na Alemanha.

O relatório da "Der Spiegel" recorre inclusive a um antigo redator-chefe do "Bild", Michael Sprenger, que qualifica essas campanhas de perigosas. "Através dessas campanhas, ["Bild"] estende o tapete vermelho a um partido que ainda não está fundado e que é liderado por um Jörg Haider alemão", diz Spreng.

O leitor padrão do "Bild", segundo a "Der Spiegel", tem formação acadêmica deficiente, não suporta a ideia da União Europeia, tem medo da globalização e, embora tenha clara tendência conservadora, tende à abstenção nas eleições.

Diante disso, não é surpreendente que haja quem, como o escritor Günter Grass, citado pela "Der Spiegel", avalie que o "Bild" apela permanentemente aos instintos mais primitivos de seus leitores --um produto "de mal gosto e asqueroso".

No entanto, a ampla tiragem do "Bild" faz com que políticos tenham receio do tabloide e acabem recorrendo ao apoio do jornal. A lista de "amigos do "Bild"" publicada pela revista incluem ex-chanceleres da Alemanha, como Helmut Kohl e Gerhard Schröder, e muitos parlamentares.

Mas o melhor dos amigos do "Bild", segundo a "Der Spiegel", é o ministro Guttenberg, a favor de quem o diário já fez todo tipo de campanha. Segundo a revista, as informações sobre o atual ministro da Defesa fazem suspeitar que o diário quer impô-lo inclusive como futuro chanceler.

 

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