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Situação era "de guerra", diz brasileiro que voltou da Líbia
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FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
Após horas de viagem e aliviados por terem deixado a Líbia e estarem de volta ao Brasil, um grupo de 130 funcionários da empreiteira Queiroz Galvão chegou nesta segunda-feira ao Recife, relatando situações "de guerra". Cerca de cem parentes e amigos esperavam os brasileiros com faixas, flores e balões.
Muitos dos que chegaram se recusaram a falar, alegando cansaço. Quem falou relatou momentos de tensão e apreensão. "A situação era de guerra", disse o engenheiro civil da empreiteira Queiroz Galvão, Jurandir Siqueira.
Do grupo, 130 são funcionários da empresa e os outros 18 são parentes que estavam na Líbia. A maioria deles vive no Nordeste, sendo 56 em Pernambuco.
Na Líbia, os brasileiros permaneceram em casas de diretores da própria empresa ou em hotéis.
Seus colegas líbios traziam água e comida. A comunicação era precária. "Ninguém saía para a rua", disse outro engenheiro, André Borges. "O único deslocamento que fizemos foi para o navio, durante a manhã, quando os tiroteios cessavam", declarou.
"Estávamos dentro de uma casa, e não presenciávamos nada, só escutávamos os tiros. Era constante, a partir das três horas da tarde, até três da madrugada. Era tiro e bomba. Sem internet, sem telefone, sem comunicação", afirmou ele.
Segundo Borges, apenas durante o deslocamento para o navio, na região de Benghazi, os brasileiros puderam ver que a cidade "estava morta". "Tinha várias casas queimadas, prédios queimados, destruídos." O engenheiro disse que, nos dias que antecederam o conflito, nada indicava que isso aconteceria.
"A gente nunca imaginava que chegaria a esse ponto", declarou.
Já os diretores da empreiteira Marcos Jordão e Henrique Canuto, disseram que os tiroteios foram intensos perto da casa de alguns engenheiros que viviam nas regiões próximas aos maiores conflitos, mas que, "em nenhum momento" eles estiveram em perigo.
"Nenhum de nós esteve na linha de fogo direto, mas a ansiedade de voltar para o Brasil era muito grande", afirmou Jordão.
A Queiroz Galvão mantém seis contratos na Líbia, no valor de US$ 800 milhões, disse Canuto. Segundo os diretores, a empresa ainda não sabe o destino das obras, que deveriam ser entregues em 20 meses. "A prioridade era tirar os brasileiros da Líbia, os contratos a gente vê depois", declarou Jordão.
Questionado se gostariam de retornar ao país após o fim dos conflitos, vários funcionários da empreiteira disseram que preferem ficar no Brasil. "Se for por vontade de Deus, sim, mas se for por minha vontade não", afirmou o encarregado de mecânica Cícero Gonçalves.
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