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02/03/2011 - 13h36

Rebeldes pedem ajuda da ONU para combater forças de Gaddafi

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os rebeldes de oposição na Líbia pediram nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que lance um ataque aéreo contra os mercenários do regime do ditador Muammar Gaddafi. Diante de uma ofensiva aérea das forças leais ao ditador, os rebeldes dizem que somente com ajuda internacional poderão tirar Gaddafi do poder.

"Nosso Exército não pode lançar ataques contra os mercenários, pois tem papel defensivo", afirmou o porta-voz rebelde Abdelhafiz Hoga em entrevista coletiva concedida em Benghazi, epicentro das forças de oposição.

Hoga ressaltou, contudo, que a ajuda viria como um ataque aéreo estratégico e não uma ampla intervenção militar, a qual os rebeldes rejeitam. O porta-voz diz ainda que em breve será nomeado um representante rebelde para colocar-se em contato com os organismos internacionais.

O pedido de ajuda foi confirmado por outro porta-voz dos grupos rebeldes, Mustafa Gheriani, da coalizão rebelde 17 de Fevereiro. "Nós provavelmente iremos pedir ajuda externa, possivelmente bombardeios aéreos em locais estratégicos, para colocar o prego no caixão dele [de Gaddafi]", disse.

Nesta quarta-feira, um caça disparou dois mísseis contra uma praça da cidade de Brega, onde rebeldes comemoravam sua vitória sobre os combatentes do regime, informou um jornalista da agência de notícias France Presse.

O ataque não causou vítimas, mas abriu duas crateras de cerca e 20 metros na praça junto à universidade da cidade.

Momentos antes, dezenas de pessoas se reuniram nesta praça para comemorar a vitória contra os homens leais a Gaddafi, que lançaram uma grande ofensiva na madrugada desta quarta-feira e chegaram a dominar partes da cidade.

Os rebeldes procuraram refúgio e responderam ao ataque disparando contra o jato aos gritos de "Allahu Akhbar" (Deus é grande).

DEFESA

Em um pronunciamento transmitido pela TV local, Gaddafi disse nesta quarta-feira que milhares de líbios morrerão se os Estados Unidos ou outra potência internacional entrarem na Líbia, e garantiu estar disposto a negociar mudanças constitucionais sem violência.

"Eles querem que a gente se torne escravo outra vez como éramos escravos dos italianos?", disse Gaddafi, referindo-se à colonização italiana do país, situado no norte da África.

"Nunca vamos aceitar isso. Entraremos numa guerra sangrenta e milhares e milhares de líbios morrerão se os Estados Unidos ou a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] entrarem."

Há temores de que a revolta, a mais sangrenta da atual onda de rebeliões no Oriente Médio e Norte da África, esteja causando uma grave crise humanitária, especialmente na fronteira com a Tunísia, onde milhares de trabalhadores estrangeiros tentam fugir.

Por toda a Líbia, vários líderes tribais, autoridades civis e comandantes militares debandaram para o lado dos rebeldes e começam a se organizar. O poder de Gaddafi praticamente se restringe a Trípoli.

O capitão rebelde Faris Zwei afirmou à Reuters que há mais de 10 mil voluntários em Ajdabiyah, localidade próxima a Brega. "Estamos reorganizando o Exército, que foi quase todo destruído por Gaddafi e sua gangue antes de partirem", disse ele. "Estamos reformando, até onde podemos, o Exército da juventude que participou da revolução."

Reiterando a pressão dos EUA sobre o ditador, tradicional inimigo do Ocidente, a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, disse na terça-feira à rede ABC: "Vamos manter a pressão sobre Gaddafi até que ele saia e permita que o povo da Líbia se expresse livremente e determine seu próprio futuro."

RECEIOS ÁRABES

Ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe se reunirão nesta quarta-feira no Cairo para discutir o esboço de uma resolução rejeitando a intervenção militar estrangeira na Líbia, informou o vice-secretário-geral da liga, embaixador Ben Helli.

A mobilização militar dos EUA nos arredores da Líbia é amplamente vista como uma demonstração simbólica de força, uma vez que nem os Estados Unidos nem seus aliados da Otan se mostram dispostos a uma intervenção militar direta.

"Estamos examinando várias opções e contingências. Nenhuma decisão foi tomada", disse o secretário norte-americano de Defesa, Robert Gates, lembrando que a ONU não autorizou o uso da força na Líbia.

A Casa Branca afirmou que os navios estão sendo reposicionados numa preparação para possíveis esforços humanitários, mas destacou que "nenhuma opção foi retirada da mesa".

O general James Mattis, chefe do Comando Central dos EUA, disse ao Senado de seu país que a imposição da zona de exclusão aérea seria uma operação "desafiadora", que necessariamente resultaria em um ataque.

"Você precisa eliminar a capacidade de defesa aérea (do outro país) para estabelecer uma zona de exclusão, então que ninguém tenha ilusões aqui. Seria uma operação militar --não só dizer às pessoas para que não voem na área."

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, voltou a defender a adoção de uma zona de exclusão aérea para impedir bombardeios do governo líbio contra os rebeldes. Cameron considerou inaceitável que "o coronel possa assassinar seu próprio povo com aviões e helicópteros."

Num tom mais cauteloso, o chanceler francês, Alain Juppé, disse que nenhuma intervenção militar deve acontecer sem um claro mandato da ONU.

FUGA

A Itália anunciou o envio de uma missão humanitária para a Tunísia, a fim de fornecer alimentos e ajuda médica para mais de 10 mil pessoas que fugiram da Líbia para o país vizinho.

Na terça-feira, agentes de fronteira da Tunísia fizeram disparos para o alto, na tentativa de controlar uma multidão que tentava deixar a Líbia.

Cerca de 70 mil pessoas passaram pelo posto fronteiriço de Ras Jdir nas últimas duas semanas, e centenas de milhares de outros trabalhadores estrangeiros ainda devem deixar a Líbia.

Nessa passagem entre Líbia e Tunísia, milhares de migrantes de Bangladesh pressionavam os portões do posto fronteiriço, revoltados com a falta de ajuda por parte do seu governo.

Grupos de trabalhadores migrantes da África Ocidental também entoavam palavras de ordem pedindo auxílio, e agitavam as bandeiras de Gana e da Nigéria.

A ONU estima que 140 mil pessoas cruzaram as fronteiras da Líbia em busca de refúgio.

 

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