Bomba mata 12 civis afegãos; população protesta contra Obama

A explosão de uma bomba colocada na beira da estrada matou neste domingo 12 civis, incluindo cinco crianças, na província de Paktika, no leste do Afeganistão, em um ataque que o presidente do país, Hamid Karzai, condenou como sendo "contra todos os princípios do islã". O atentando ocorreu no mesmo dia em que centenas de pessoas protestaram em Cabul contra a morte de civis por forças estrangeiras.

Um porta-voz do governo provincial, Mokhlis Afghan, disse que outras cinco pessoas quando uma bomba, plantada por insurgentes, explodiu perto de um caminhão que transportava civis. Ele disse que o veículo viajava entre as cidades de Turwa e Wazakhwa.

O Ministério do Interior afegão confirmou o ataque, mas disse que dez pessoas morreram.

	S. Sabawoon/Efe
	Afegãos queimam efígie de Barack Obama durante protesto em Cabul contra morte de civis

A Otan (Organização Tratado do Atlântico Norte) afirmou que relatos iniciais indicavam que o caminhão havia sido atingido por uma bomba colocada na estrada.

"Este flagrante desrespeito a vidas afegãs inocentes é terrível", afirmou o diretor de assuntos públicos da Otan, Vick Beck.

A província de Paktika fica próxima a áreas tribais do Paquistão, usadas como fortalezas por insurgentes que enfrentam as tropas da coalizão, lideradas pelos EUA, no Afeganistão. Frequentemente os insurgentes cruzam a fronteira para atacar as tropas internacionais e a região tem sido palco de cada vez mais confrontos, assim como tem registrado um aumento do número de mortes.

Operações da Otan contra insurgentes na região têm causado atritos com o governo de Karzai nas últimas semanas, após acusações de que militares causaram um número de mortes de civis.

Na semana passada, Karzai alertou o presidente americano, Barack Obama, de que as forças lideranças pelos EUA devem fazer um trabalho melhor no que se refere a civis. O alerta foi feito durante uma videoconferência com Obama depois que helicópteros da coalizão mataram nove meninos afegãos na província de Kunar.

A Otan reconheceu ter matado acidentalmente os meninos, que tinham menos de 12 anos.

Neste domingo, Karzai disse ao general americana David Petraeus, comandante da força da Otan no Afeganistão, que suas desculpas pelas mortes "não são suficientes", segundo um comunicado da Presidência afegã. A nota diz que a declaração foi feita durante uma reunião de gabinete na qual o americano estava presente.

No início do mês, o governo de Karzai afirmou que 65 civis, incluindo 40 crianças, foram mortos em Kunar.

PROTESTO

O número de civis mortos no Afeganistão aumentaram este ano principalmente devido a um aumento nos ataques feitos por insurgentes, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Recentemente, eles começaram a realizar atentados contra alvos "soft" como bancos, supermercados e eventos esportivos.

Mas alegações de mortes de civis por forças da Otan --que se comprometeram a proteger a população-- geralmente causam mais raiva.

Centenas de pessoas de um partido político de esquerda marcharam pelas ruas centrais da capital, Cabul, para protestar contra as operações militares americanas e pedir a retirada de tropas estrangeiras.

Eles gritavam "Morte à América, morte ao governo americano" e levavam fotos de afegãos mortos ou feridos em recentes ataques. Depois queimaram uma efígie de Obama.