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07/03/2011 - 07h35

Pró-Gaddafi martelam imagem de bonança

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SAMY ADGHIRNI
ENVIADO À FRONTEIRA DE DEHIBA
(TUNÍSIA-LÍBIA)

Muammar Gaddafi é amado por seu povo e tem forças de sobra para resistir a agitadores que não passam de ingratos manipulados de fora.

Esta é a mensagem martelada pela maioria dos líbios que circulam pela fronteira com o sul da Tunísia, num vale do Saara que separa dois planaltos avermelhados.

A mensagem foi reforçada neste domingo com uma manifestação pró-Gaddafi, com direito a disparos com arma de fogo para o alto, no lado líbio do posto de fronteira de Dehiba.

Separados da barreira tunisiana por apenas 80 metros, manifestantes ostentando fuzis Kalashnikov gritaram palavras de apoio ao líder. Soldados líbios se juntaram ao protesto, que reuniu cerca de 300 pessoas.

No lado tunisiano, militares e policiais acompanharam a cena com misto de preocupação e ironia.

A manifestação foi tida como um recado aos estrangeiros, ONGs humanitárias e jornalistas principalmente, que visitam ocasionalmente o posto de Dehiba, observando a Líbia sem poder entrar.

Cidadãos líbios são os únicos autorizados a circular pela fronteira. Os que passam são quase todos moradores de cidades próximas, como Wazen e Ghazabia, onde não há sinal de revolta popular.

Os líbios que aceitam conversar com estrangeiros na Tunísia relatam clima de normalidade no oeste da Líbia e se queixam da cobertura da imprensa mundial.

"Gostaria de levar as pessoas à minha cidade para ver como tudo está normal. A TV Al Jazeera fica distorcendo contra a Líbia, é um absurdo", afirma Abdellah Chaouki, 34.

Para Mustafa Kheyer, 41, "as pessoas que protestam querem entrar na onda do que aconteceu na Tunísia e no Egito. Na Líbia é diferente, Gaddafi implementou políticas muito generosas, todos vivemos bem."

A bonança petroleira deixa invejosos muito tunisianos da fronteira. "Repare como todos os carros líbios são grandes e confortáveis", diz Saddik Gouyier, 28.

Outro tunisiano convencido pelo discurso oficialista disse que Gaddafi ainda não começou a reagir "de verdade" aos protestos. "Ele tem muito dinheiro e armas sobrando. Ele esmagará todo mundo com Exército forte e bem armado."

A versão do equipamento militar líbio de qualidade não se sustenta, ao menos é o que a Folha viu antes de ser barrada ao tentar entrar legalmente na Líbia por Dehiba. O repórter esteve cercado por 10 minutos por soldados carregando armas remendadas com durex e que circulam em jipes caindo aos pedaços.

 

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