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Rebeldes rejeitam definição de guerra civil na Líbia
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MARCELO NINIO
ENVIADO A RAS LANUF (LÍBIA)
Nada irrita mais um rebelde líbio do que chamar a revolta deflagrada há três semanas contra Muammar Gaddafi de guerra civil.
"Vocês estrangeiros não entendem o que está acontecendo aqui", diz Nabil Muftah, 32, empunhando um fuzil Kalashnikov na entrada da cidade de Ras Lanuf, que neste domingo se converteu na fronteira do território rebelde.
"O povo líbio está unido contra Gaddafi. Quem luta com ele são seus capangas e mercenários estrangeiros".
O discurso se repete ao longo de toda a costa leste do país ocupada pelos insurgentes, dos gabinetes do governo provisório aos campos de batalha. E desafia os indícios de que a revolta se transformou em guerra civil.
Muftah era soldado de Gaddafi e trocou de lado quando os protestos contra o ditador começaram a ser reprimidos com violência.
Mesmo admitindo que há militares como ele do outro lado do front, insiste em usar a palavra em árabe para revolução, "thaura", para descrever o estado de guerra em que o país mergulhou.
Com a ajuda de desertores como Muftah, o levante contra Gaddafi foi equipado de armas obtidas de bases militares. Soldados líbios lutam com soldados líbios, com armas do Exército líbio. Assim é a "thaura", ou pelo menos parte dela.
"Uma guerra civil é definida pela luta entre civis do mesmo país", exalta-se Intisal Agili, do governo provisório rebelde em Benghazi, a capital da insurreição. "Aqui é diferente. Uma revolução popular contra um ditador cercado de mercenários."
O estado das armas é muitas vezes precário. Nas diversas barreiras rebeldes da estrada costeira transformada em campo de batalha, é comum ver fuzis caindo aos pedaços, colados com fita isolante e artilharia antiaérea com sinais de ferrugem.
O treinamento também deixa a desejar. "Aprendi a atirar há dois dias", diz o professor de ciência Riad Elhamar, 35. "Deixei minha filha de um ano chorando em casa, mas todo sacrifício é válido para liquidar Gaddafi."
A unanimidade anti-Gaddafi no leste é raramente quebrada. Numa atmosfera inversa ao período anterior à revolta, quando ninguém ousava dar um pio contra o ditador, hoje os que o apoiam preferem a discrição.
Mas alguns demonstram claro desconforto com a anarquia que predomina em algumas cidades. Sem policiamento e com a fartura de armas nas mãos de civis, há registros de saques e roubos.
"Em breve as pessoas sentirão falta da segurança que tinham no tempo de Gaddafi", afirma um militar da reserva.
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