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14/03/2011 - 23h05

Terceira explosão em usina aumenta alerta nuclear no Japão

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Uma terceira explosão em quatro dias foi registrada nesta terça-feira (noite de segunda no Brasil) no complexo nuclear de Fukushima Daiichi, danificada pelo terremoto --seguido de tsunami-- de magnitude 9,0 que atingiu na última sexta-feira a costa nordeste do Japão, aumentando o alerta sobre possível contaminação por radiação na área. Também nesta terça, a polícia afirmou que o número oficial de mortos no país chegou a 2.414.

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Os problemas em cascata no complexo nuclear começaram quando o tremor causou danos ao sistema de resfriamento dos reatores do complexo. Por precaução, cerca de 200 mil moradores já foram retirados das imediações.

A mais recente explosão ocorreu na unidade 2 da instalação, perto de uma piscina de supressão, que remove calor debaixo de um reservatório do reator, afirmou a proprietária da usina, a Tokyo Electric Power Co. Não há relatos de feridos, mas funcionários foram temporariamente removidos do local --segundo um porta-voz da agência de segurança nuclear japonesa, a primeira vez que isso ocorre.

Autoridades afirmaram que níveis de radiação no complexo estavam dentro de limites considerados seguros, e cientistas internacionais disseram que, enquanto há sérios perigos, há um pequeno risco de uma catástrofe como a explosão ocorrida em 1986 em Tchernobil, na Ucrânia, onde não havia tanques de contenção para segurar a radiação.

Nesta segunda, o governo japonês havia informado que a situação no reator 2 do complexo era instável. As varetas de combustível deste reator passaram 140 minutos completamente expostas, segundo a Tokyo Electric Power Co.

Editoria de Arte/Folha

A operadora conseguiu elevar novamente o nível da água, utilizada para resfriar o combustível nuclear, até metade da altura das varetas. Mas o secretário-geral do gabinete japonês, Yukio Edano, disse ser "muito provável que isto [o derretimento das varetas] esteja acontecendo".

O derretimento do combustível nuclear acontece quando esse deixa a camada mais interna do reator e poderia levar a um grave vazamento de material radioativo.

O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, disse que o governo está criando uma equipe para responder à crise nuclear. Ele disse aos repórteres que liderará pessoalmente as operações no quartel-general do comitê de crise, que ficará no principal escritório da Tokyo Electric Power Co.

A exposição das varetas ocorreu quando o sistema de liberação de vapor foi fechado por alguma razão desconhecida. A Tokyo Electric Power Co. disse que tentará abrir o sistema para liberar o vapor quente e facilitar o resfriamento do combustível.

Os trabalhadores chegaram a cobrir o sistema novamente de água, mas uma súbita elevação da pressão e consequente aumento da temperatura causou uma nova exposição total das varetas.

Segundo o governo, cerca de 200 mil pessoas foram retiradas de um raio de 20 km do complexo de Fukushima desde sexta-feira (12).

Depois da nova explosão no reator 3 nesta segunda-feira, as autoridades ordenaram que ao menos 500 moradores ficassem dentro de casa, para evitar contágio com qualquer nuvem de radiação.

Segundo a Cruz Vermelha do Japão, o número de deslocados chega a 530 mil em todo o país. Eles estão em 2.500 centros de desabrigados, como escolas e ginásios. Outras 24 mil pessoas ainda estão completamente isoladas e inalcançáveis.

Editoria de Arte/Folhapress

SOLDADOS

Ao menos 17 soldados americanos que participaram de missões de resgate no Japão foram submetidos a um processo de descontaminação depois de serem afetados pelo vazamento de radiação em Fukushima, informa o jornal "El Pais".

Os militares voavam em três helicópteros, a cerca de cem quilômetros da usina, quando os detectores a bordo reconheceram a mudança na radiação.

A análise mostrou níveis baixos de radiação nos militares, mas o Pentágono ordenou de qualquer forma o reposicionamento de Sétima Frota, cuja sede fica em Yokosuka e a qual pertence o porta-aviões USS Reagan.

Os militares, segundo o jornal, estão bem e foram submetidos apenas a um banho comum. Eles foram contaminados ao atravessar uma nuvem de gás radioativo produzido pela usina.

O porta-voz da Frota, comandante Jeff Davis, disse que os militares continuam comprometidos com a missão de ajuda.

VÍTIMAS

Na manhã desta terça (horário local), a polícia japonesa informou que o número oficial de vítimas do terremoto seguido por tsunami chegou a 2.414. O maior número de vítimas se encontra na província de Miyagi, onde 1.254 pessoas morreram.

Oficialmente, há 3.118 desaparecidos. Mas autoridades regionais disseram acreditar que dezenas de milhares podem ter sido levados pelo tsunami, que devastou uma larga área da costa nordeste do Japão na sexta-feira.

O número de mortos, porém, ainda deve aumentar e as autoridades estimam que a cifra final deve superar os 10 mil. Somente em duas áreas da província de Miyagi foram encontrados 2.000 corpos ainda não contabilizados no balanço oficial. Há cidades em que milhares estão desaparecidos.

AP/ Kyodo News
Equipes de resgate procuram por sobreviventes de tremor seguido de tsunami em Noda, província de Iwate
Equipes de resgate procuram por sobreviventes de tremor seguido de tsunami em Noda, província de Iwate

Segundo a agência de notícias Kyodo, cerca de mil corpos foram encontrados em Miyagi, além de outros 200 ou 300 corpos que as equipes tentam resgatar em Sendai, local mais atingido pelo tremor e pelas ondas gigantes.

Em Miyagi, o governo não conseguiu contatar cerca de 10 mil pessoas --mais da metade da população local. O destino de dezenas de milhares de pessoas, incluindo cerca de 8.000 moradores da cidade de Otsuchi, ainda é desconhecido, segundo a Kyodo.

 

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