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Com radiação, cerca de mil corpos permanecem em Fukushima
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Em meio à luta do Japão para conter vazamentos radioativos do complexo nuclear de Fukushima Daiichi, policiais em grandes trajes brancos puxam corpos de vítimas do terremoto e tsunami de uma zona esvaziada. O trabalho é interrompido diversas vezes por alarmes de radiação.
Diante dos temores de uma contaminação, o trabalho de recuperação dos corpos de casas, carros e ruas segue em ritmo lento e a polícia estima que cerca de mil corpos ainda estão na área de 20km ao redor da usina nuclear, epicentro de uma crise.
Estes corpos, segundo fontes consultadas pela agência Kyodo, foram expostos à radiação após à morte e as autoridades estudam agora como evitar que eles virem foco de contaminação aos policiais, aos legistas e aos familiares.
Kimimasa Mayama/Efe | ||
Bombeiros buscam entre escombros do povoado de Ishinomaki, em Miyagi; radiação atrasa recuperação de corpos em Fukushima |
Mesmo depois dos corpos serem entregues aos familiares, o processo de cremação pode espalhar material radioativo. Já o enterro pode contaminar o solo. O Ministério de Saúde recomenda que os corpos sejam limpos e, mesmo aqueles com pouquíssima radiação, sejam entregues apenas a pessoas com roupa, luvas e máscaras de proteção.
As autoridades avaliavam inspecionar todos os corpos depois de transportados para fora da zona de risco. Mas o plano foi reavaliado por temores de muita exposição à radiação.
A opção seria descontaminar e inspecionar os corpos onde são encontrados --processo que poderia danificá-los e impedir a identificação visual. Embora a identificação possa ser feita por amostras de DNA, especialistas dizem que o tempo e esforço necessários para descontaminar um corpo são muito grandes.
No domingo (27), níveis elevados de radiação foram encontrados em um corpo recuperado em Okuma, na prefeitura de Fukushima, cerca de 5 km da usina nuclear. A polícia desistiu então de recuperar o corpo.
"Nós encontramos corpos em todos os lugares --em carros, em rios, sob destroços e em ruas", disse um policial de Fukushima, que não quis se identificar.
"Nós queremos recuperar os corpos rapidamente, mas nós precisamos garantir também a segurança de nossos policiais contra radiação", disse.
Damir Sagolj/Reuters | ||
Desabrigados comem em centro em Kesennuma, em Miyagi; quase três semanas após o tremor |
Os moradores da área foram obrigados a abandonar suas casas quando o governo decretou uma zona de retirada. Outros moradores, de uma faixa entre 20 e 30 km da usina, receberam ajuda do governo em uma retirada voluntária.
Há temores ainda de que a área de retirada precise ser ampliada, depois que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) reportou níveis de radiação duas vezes maiores que o necessário para o esvaziamento da área em uma vila fora dos 30 km.
O Japão disse, contudo, que a exposição na vila é metade do seu limite. "Sob esta estimativa, podemos dizer que não há necessidade dos moradores de Iitate saírem imediatamente", disse o funcionário da agência nuclear Nishiyama.
A contaminação oriunda de Fukushima Daiichi também está chegando ao mar, apesar de ainda não impor risco à saúde humana. Os níveis subiram novamente nesta quinta-feira, chegando a 4.385 vezes o limite legal, a 330 metros da costa.
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