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05/04/2011 - 14h09

Saleh pede discussão com oposição em meio a conflitos no Iêmen

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador iemenita, Ali Abdullah Saleh, exortou a oposição a participar de discussões para tentar encerrar uma crise política que se arrasta há semanas e pediu o fim da violência.

No mesmo dia, ao menos quatro morreram e 27 ficaram feridos em um confronto em Sanaa, entre militares opositores e uma delegação da tribo à qual pertence o Saleh, que pretendia conversar com os manifestantes acampados no centro da capital.

Yahya Arhab/Efe
Oposicionistas protestam contra regime do ditador Ali Abdal Saleh, em Sanaa; ao menos quatro mortos em confrontos
Oposicionistas protestam contra regime do ditador Ali Abdal Saleh, em Sanaa; ao menos quatro mortos em confrontos

Segundo testemunhas ouvidas pela agência de notícias Efe, um grupo de xeques da tribo de Saleh, acompanhados de guarda-costas armados, tentou acessar à praça onde se concentram milhares de manifestantes, para fazer a mediação no conflito entre o regime e a oposição.

A delegação seguia em um comboio de dez veículos que levavam fotografias do ditador, o que levou vários manifestantes a lançarem pedras contra a comissão negociadora, contra o qual os guarda-costas responderam com disparos. Os militares oposicionistas responderam abrindo fogo contra a delegação, que abandonou o lugar.

Uma fonte do Ministério do Interior indicou que três dos mortos e 15 dos feridos são seguidores da coalizão opositora que lidera os protestos, enquanto o outro morto e os demais feridos faziam parte do grupo negociador.

NEGOCIAÇÃO

Em meio aos confrontos, o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) convidou o governo iemenita e representantes da oposição para conversações na Arábia Saudita, em data ainda a ser determinada, com os EUA pressionando Saleh a negociar com seus opositores.

Saleh, que ignorou um plano de transição do poder proposto pela oposição no sábado, aceitou o convite dos Estados do Golfo árabe e exortou a oposição a fazer o mesmo.

"Prometo que faremos todos os esforços possíveis para retornar à normalidade, por meio de conversações com pessoas racionais do Partido Conjunto de Reuniões (a principal coalizão oposicionista do Iêmen)", disse ele a partidários em sua cidade natal, Sanhan.

A iniciativa do CCG pode não satisfazer dezenas de milhares de manifestantes que estão acampados em cidades do país há semanas, reivindicando o fim dos 32 anos de governo de Saleh.

O Partido Conjunto de Reuniões respondeu sem se comprometer. "Saudamos a posição do CCG de respeitar as escolhas do povo iemenita e também saudaremos quaisquer esforços feitos em prol da saída pronta do presidente Saleh", disse o porta-voz da coalizão, Mohammed al-Sabri.

Ele não disse se a oposição participará das discussões protestas.

A frustração dos manifestantes vem crescendo depois da paralisação das negociações iniciais e devido à escalada da violência nos protestos. Muitos manifestantes expressaram ceticismo quanto às discussões propostas pelo CCG.

"A iniciativa chegou tarde demais, é inútil. Não passa de uma tentativa de salvar o regime, que sabe muito bem que precisa partir", disse Abdulsitar Mohammed, ativista jovem em Sanaa.

PRESSÃO

Na segunda-feira representantes dos EUA disseram que Washington está aumentando a pressão sobre Saleh para que busque um plano para a transição do poder.

"Está parecendo mais e mais que ele precisa renunciar", disse um funcionário dos EUA, acrescentando que os EUA estão tentando aumentar as pressões sobre Saleh para buscar um entendimento com a oposição.

Os EUA há anos veem Saleh como aliado crucial em sua luta contra a Al Qaeda. Saleh autorizou ataques contra campos suspeitos e prometeu combater a militância, em troca de bilhões de dólares em ajuda militar.

No fim de semana, apesar de ter aventado a possibilidade de renunciar, Saleh mostrou-se cada vez mais desafiador, dizendo que defenderá o Iêmen com "sangue e alma."

PROTESTOS

Também nesta terça-feira, um enfrentamento entre partidários e opositores do regime de Saleh deixou 37 feridos nas ruas da cidade de Taez, no sul do Iêmen, segundo as autoridades locais. Eles foram levados a hospitais com ferimentos leves de bala e lesões causadas pelas pedras.

Fontes da oposição, por sua vez, afirmaram que outras 400 pessoas foram atendidas em hospitais por asfixia, após inalar a fumaça do gás lacrimogêneo.

As forças de segurança intervieram quando os participantes de duas grandes manifestações, uma a favor de Saleh e outra contra, se enfrentaram de forma violenta. A polícia deu tiros para o ar e lançou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

Desde 27 de janeiro, o Iêmen é palco de protestos contra o regime de Saleh, que ganharam intensidade a partir de meados de fevereiro.

 

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