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19/04/2011 - 09h33

ONU abre corredor humanitário na Líbia pela primeira vez

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou nesta terça-feira a abertura do primeiro corredor humanitário no oeste da Líbia para entregar ajuda a milhares de pessoas presas nos combates entre as forças leais ao ditador Muammar Gaddafi e rebeldes oposicionistas.

"O PMA começou a entregar ajuda por um novo corredor humanitário no oeste da Líbia para alcançar regiões muito afetadas pelos combates, pela primeira vez desde o início da violência no país", informa a instituição da ONU em um comunicado.

A primeira leva de ajuda cruzou nesta terça-feira a fronteira entre Tunísia e Líbia, em Ras Jir, com oito caminhões carregados com 240 toneladas de farinha de trigo e de 9,1 toneladas de barras energéticas.

Segundo o PMA, a carga permite alimentar 50.000 pessoas durante 30 dias. Os alimentos serão entregues à organização de socorro Crescente Vermelho e serão destinados às pessoas mais vulneráveis em Trípoli, Zintan, Yefren, Nalut, Mizda, Al Rheibat e Al Zawiyah.

"Estas são as comunidades que o Crescente Vermelho indicou que necessitam urgentemente de ajuda", disse em entrevista coletiva a porta-voz do PMA, Emilia Casella.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também enviou ajuda via navio para Misrata, a cidade portuária onde se concentraram os combates nos últimos dias e onde centenas de pessoas foram mortas nos bombardeios.

FUGA

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelou que cada vez mais refugiados líbios fogem das áreas montanhosas do oeste em direção ao sul da Tunísia, em média mil cidadãos líbios cruzam diariamente a fronteira com o país vizinho.

"A maioria são famílias procedentes da cidade de Nalut, cerca de 50 quilômetros da fronteira com Tunísia. Eles confirmaram que as zonas montanhosas do oeste sofrem o ataque das forças governamentais há um mês e que a pressão aumenta dia a dia", explicou o porta-voz Andrej Mahecic.

De outro lado, o Acnur estima que há cerca de 100 mil deslocados internos em Benghazi (cidade controlada pelos rebeldes), embora só 35 mil tenham sido registrados oficialmente.

A maioria vive com famílias locais, esclareceu o porta-voz. Como parte das ações humanitárias na Líbia, a Organização Internacional de Migrações (OIM) adiantou que está enviando uma embarcação fretada para levar ajuda a Misrata e evacuar imigrantes.

Até agora, este organismo resgatou 2.200 imigrantes de Misrata, mas restam 5.000 pessoas que esperam sua oportunidade.

No entanto, a representante da OIM, Jemini Pandya, advertiu que o financiamento para esta operação esgotou e que agora trabalha com reservas de emergência. "O fluxo de pessoas que fogem da Líbia é permanente. Mais e mais gente precisa ser resgatada", comentou.

Segundo Pandya, quando a embarcação terminava de embarcar quase mil imigrantes nesta segunda-feira, outros 4.000 estavam à espera.

A maioria desses imigrantes é de origem subsaariana, principalmente do Níger, e sobrevivem em condições extremas, com pouca comida, água e sem atendimento médico.

No total, 543 mil pessoas fugiram da violência na Líbia, segundo o último cálculo da OIM.

VÍTIMAS

O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, afirmou nesta segunda-feira que o conflito na Líbia já deixou 10 mil mortos e 55 mil feridos. Frattini citou números do líder do opositor Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio, Mustafah Abdeljalil.

"O presidente Abdeljalil nos falou de 10 mil mortos na Líbia, vítimas de um regime sanguinário, e de 50 mil a 55 mil feridos", declarou Frattini.

O chefe da diplomacia italiana prometeu a Abdeljalil aumentar o número de feridos graves que podem ser atendidos nos hospitais do país europeu, lembrando que 25 feridos já foram internado na semana passada no norte da Itália, após um voo especial da Força Aérea italiana.

O ministro reiterou a disponibilidade da Itália para ajudar os rebeldes líbios com mais médicos e enfermeiros. Alguns profissionais da saúde do país já estão na Líbia, sobretudo na cidade portuária de Misrata, cercada pelas forças de Gaddafi.

Frattini também indicou que a venda de petróleo pelos rebeldes, para financiar a luta contra Gaddafi, deve ser abordada na próxima reunião do Grupo de Contato sobre a Líbia, que acontecerá na primeira semana de maio em Roma.

O ministro disse ainda que a comunidade internacional tem de enfrentar de maneira conjunta a possibilidade de proporcionar armas ao povo líbio. "A resolução 1973 da ONU não proíbe a ajuda em termos de autodefesa, mas como outros países têm opiniões distintas, é uma questão que temos de enfrentar", afirmou.

A Itália está disposta a oferecer "meios técnicos" aos rebeldes como equipamentos para as intercepções e radares, mas descarta participar com tropas em terra.

"Acreditamos que é preciso evitar", assinalou Frattini em relação ao possível desdobramento de tropas italianas em terra. Frattini explicou que a Itália continua participando da operação militar na Líbia com seus meios navais, bases militares, aviões e proporcionando ajuda humanitária.

ATAQUES

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) confirmou nesta terça-feira ter bombardeado na noite de segunda-feira os centros de comando das forças de Gaddafi, inclusive a região e Trípoli.

Segundo comunicado da aliança, os bombardeios tinham como alvo "infraestruturas de comunicação utilizadas para coordenar ataques contra civis, assim como o quartel-general da 32ª Brigada do Exército líbio, situado 10 km ao sul de Trípoli".

 

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