Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/04/2011 - 15h29

Medvedev diz que maior lição de Fukushima é dizer a verdade

Publicidade

DA FRANCE PRESSE, EM MOSCOU

A maior lição que as autoridades de todo o mundo aprenderam com as tragédias de Tchernobil e Fukushima é que é necessário dizer sempre a verdade, afirmou nesta segunda-feira o presidente russo, Dmitri Medvedev, na véspera do aniversário de 25 anos do acidente nuclear soviético que paralisou o mundo.

Em uma reunião no Kremlin com socorristas que participaram dos arriscados trabalhos de limpeza de Tchernobil, Medvedev pediu transparência dos governos em caso de uma emergência nuclear. A maior reclamação destes técnicos, que foram expostos a níveis inconcebíveis de radiação, foi a maneira nebulosa como o governo socialista os informou do risco real que corriam.

"Acho que nossos Estados modernos devem compreender a maior lição do que aconteceu em Tchernobil e na mais recente tragédia japonesa como a necessidade de dizer às pessoas a verdade", indicou Medvedev.

"O mundo é tão frágil e nós estamos tão ligados que qualquer tentativa de esconder a verdade, de manipular uma situação, tornando-a mais otimista, terminará em tragédia e custará a vida de muitas pessoas", destacou. "Esta é uma lição difícil e importante sobre o que aconteceu".

Em 1986, Moscou permaneceu em silêncio sobre o desastre de Tchernobil durante três dias. Agências oficiais como a TASS só reportaram o incidente no dia 28 de abril, depois que a usina nuclear de Forsmark, na Suécia, detectou um nível alto de radiação no continente.

A Tokyio Electrical Power Co. (Tepco), que opera a central nuclear de Fukushima, no Japão, foi alvo de muitas críticas devido à sua política de informação, acusada de não divulgar tudo o que sabia de maneira clara, principalmente nos primeiros dias após o acidente, no mês passado, cujas consequências ainda não foram completamente controladas.

Medvedev condenou a atitude da União Soviética durante a catástrofe de Tchernobil. Na época, seus líderes não queriam admitir a extensão do acidente, e a primeira reportagem divulgada na mídia oficial comunista foi uma pequena nota em letras minúsculas no verso do tabloide "Pravda".

"O Estado não teve a coragem de admitir imediatamente as consequências do que havia acontecido. Eu me lembro, como muitas outras pessoas se lembram, como tudo parecia muito estranho", disse o presidente.

SAÚDE

Seis liquidadores --como ficaram conhecidos os trabalhadores de limpeza de Tchernobil-- e 22 técnicos da usina ucraniana, então sob governo soviético, morreram em poucos meses devido à exposição radioativa.

A maioria dos liquidadores que sobreviveu ainda sofre com os graves problemas de saúde provocados pelo trabalho no local do desastre, mas muito se questiona a respeito da real causa da morte dos mortos contabilizados da tragédia.

Medvedev homenageou 16 dos liquidadores com medalhas de honra, enquanto champanhe era servido no Kremlin para comemorar sua vitória contra a radiação, mas muitos veteranos do grupo lamentam o tratamento indiferente do Estado russo em relação a eles e às famílias dos que não sobreviveram nestes 25 anos.

"Algumas viúvas cuidaram de seus maridos por anos", contou o liquidador Alexander Shabutkin a Medvedev, após receber sua medalha. "Hoje, elas não têm dinheiro suficiente nem para alimentar seus filhos".

Medvedev anunciou que visitará o reator acidentado de Tchernobil na terça-feira ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, e que pretende encontrar-se com mais veteranos.

"Vocês e seus camaradas --alguns dos quais infelizmente não estão mais entre nós-- realizaram seu trabalho de maneira muito corajosa em situações excepcionalmente difíceis, com enorme perigo para suas próprias vidas", declarou o presidente russo, em um discurso para homenagear os liquidadores.

"Na época, ninguém entendeu a extensão do risco pessoal. Sua capacidade de tomar as decisões mais reponsáveis durante os tempos mais difíceis permitiram que vidas humanas fossem salvas".

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página