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Governo do Paraguai atende reivindicações e brasileiros encerram "tratoraço"
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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
Em resposta aos protestos de agricultores brasileiros, o governo do Paraguai se comprometeu nesta sexta-feira (15) a trocar parte da direção do órgão federal que conduz a reforma agrária no país.
Os colonos "brasiguaios", unidos aos produtores paraguaios, protestavam contra as constantes invasões de propriedades rurais no país. Desde quarta-feira, cerca de 5.000 tratores faziam fila na beira das estradas, sob a ameaça de fechar as rodovias caso as reivindicações não fossem atendidas pelo governo federal.
Os agricultores acusam o governo do presidente Fernando Lugo de ser conivente com as invasões de terra e reclamam da existência de uma "máfia" no governo e na Justiça que sustenta invasões e decisões judiciais contrárias aos produtores.
O clima estava tenso especialmente nos Estados de Alto Paraná, Canindeyú, San Pedro, Caaguazú e Itapúa --todos na região leste do país, próximo à fronteira com o Brasil. Muitos municípios da região decretaram situação de alerta por causa da tensão entre campesinos (os sem-terra paraguaios) e proprietários rurais.
Os agricultores estavam especialmente preocupados porque as ordens de despejo contra os campesinos não estavam sendo cumpridas pela polícia local.
Na reunião desta sexta, realizada na cidade de Santa Rita (no Estado do Alto Paraná), os representantes do governo paraguaio garantiram apoio aos agricultores e informaram que irão trocar a direção do Indert local (órgão equivalente ao Incra brasileiro) na próxima semana.
O governo também disse que fará um levantamento da situação fundiária em todo o país, a fim de garantir a legalidade das propriedades dos colonos.
CONTEXTO
Segundo o governo paraguaio, que nega estimular invasões, os problemas apontados pelos produtores rurais decorrem de uma reforma agrária mal-sucedida, ocorrida nos anos 1960 e 1970, que envolveu transações irregulares de títulos e marcações de terra equivocadas.
Por causa disso, os campesinos reivindicam parte das terras que estão hoje em posse de brasileiros, afirmando que houve erro nas marcações.
Nos últimos meses, segundo os agricultores brasiguaios, as invasões de terra aumentaram no país, especialmente no Estado de Alto Paraná.
No início de julho, o governo paraguaio chegou a enviar tropas da polícia para a região, a fim de garantir a colheita e inibir confrontos entre campesinos e agricultores. Ainda há cerca de 80 homens na região, de acordo com os produtores.
Os líderes do tratoraço prometem voltar às rodovias caso os problemas não se resolvam e as ordens de despejo dos campesinos não sejam cumpridas.
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