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'Violência crônica' na Síria ameaça paz na região, diz Itamaraty
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CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
O Itamaraty avalia que a "violência crônica" na Síria não é só uma questão interna e pode colocar em risco a paz e a segurança no Oriente Médio, afirmou nesta quarta-feira Tovar Nunes, porta-voz do chanceler Antonio Patriota.
Segundo ele, em encontro anteontem em Brasília com o vice-chanceler sírio, Fayssal Mekdad, Patriota "instou" o regime do ditador Bashar Assad a "acelerar" as reformas democráticas prometidas e o diálogo com a oposição. "Foi um recado firme", disse.
Tovar Nunes quis se contrapor à versão oficial síria, de que o Brasil apoia sem restrições a posição de Assad diante dos protestos iniciados em março. Segundo o opositor Observatório Sírio dos Direitos Humanos, a repressão oficial e os choques com oposicionistas já mataram cerca de 1.400 civis e 400 policiais e militares.
O porta-voz disse que o Itamaraty evita uma "visão maniqueísta" da situação. Acha que a repressão chega a um nível "insustentável", mas que também houve manifestações opositoras não pacíficas, "vinculadas a elementos armados".
Ao afirmar que a situação síria ameaça a paz regional, Nunes visa se distanciar de Rússia e China, que se opõem a que o Conselho de Segurança (CS) da ONU se pronuncie.
A ameaça de veto dos dois países impediu que o órgão, responsável por zelar pela segurança internacional, aprovasse uma resolução de condenação do regime apresentada por EUA, Reino Unido e França.
Brasil, Índia e África do Sul, parceiros do grupo Ibas que ocupam neste ano cadeiras não permanentes no CS, tentam articular uma "declaração presidencial" sobre a Síria. Esse tipo de declaração não é de cumprimento obrigatório como as resoluções, mas, diz o Itamaraty, é a única fórmula que hoje oferece alguma possibilidade de consenso.
Originalmente, o vice-chanceler sírio deveria se reunir com o secretário-geral do Itamaraty, Ruy Nogueira, e com o assessor internacional do Planalto, Marco Aurélio Garcia. Mas Patriota, que conhece Mekdad do tempo em que ambos trabalharam nas missões dos respectivos países ONU, foi ao encontro.
A repressão na Síria já provocou um fluxo de mais de 10 mil refugiados para a vizinha Turquia. A posição do país é chave na região devido à influência que exerce no Líbano e às fortes relações econômicas e políticas com Turquia e Irã.
Apesar da antiga desavença por causa das colinas de Golã --ocupadas pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, de 1967--, o atual regime é tido por Israel como mais previsível do que possíveis alternativas em caso de queda do clã Assad, que governa a Síria há 40 anos.
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