Presidente uruguaio diz que crise pode resultar em cortes

O presidente do Uruguai, José Mujica, afirmou em entrevista publicada nesta segunda-feira que, caso a crise na Europa e nos Estados Unidos se estenda, seu governo terá que "cortar despesas", mas ressaltou que o Estado uruguaio tem suas necessidades financeiras cobertas até "pelo menos" 2013.

"Nunca se deve descartar que, diante da incerteza, seja necessário cortar as despesas. Nesse caso, é óbvio que aquelas que pareçam não tão imprescindíveis serão as primeiras cortadas", afirmou o governante em declarações ao jornal "La República", que, no domingo, publicou a primeira parte da entrevista.

"Não há outra forma de raciocinar a não ser com o critério de uma boa dona de casa, apesar das complexidades desse assunto", acrescentou.

Mesmo assim, Mujica descartou que seu país vá entrar em crise e destacou que o Uruguai tem suas necessidades financeiras cobertas até 2013.

"Agora, o Uruguai está bem e, em geral, na América Latina, da Colômbia para o sul, todos estão muito bem", disse.

Consultado sobre a situação econômica mundial, o presidente uruguaio declarou que a realidade no mundo desenvolvido é "bastante decepcionante" e destacou que sua recuperação "será muito lenta e cheia de incertezas".

O líder também falou sobre a situação política dos EUA e considerou "dolorosa a disputa provocada pelos republicanos", que ele interpretou como uma "manobra à distância que busca arruinar a perspectiva eleitoral do presidente Barack Obama sem prestar atenção nas consequências que essa atitude tem para o mundo inteiro".

"A economia estará globalizada, mas os dirigentes estão a léguas de estarem globalizados", acrescentou.