Conflito na Somália força médicos a abandonarem hospital

Rebeldes islâmicos da milícia Al Shabab entraram em confronto com tropas do governo somali e soldados da força de paz da UA (União Africana) no norte de Mogadício nesta terça-feira, levando médicos e crianças a deixar um hospital atingido por balas perdidas, disse uma autoridade.

O grupo inspirado pela rede terrorista Al Qaeda retirou a maioria de seus combatentes da capital somali neste mês, mas ainda impõe alguma resistência em áreas de Mogadício e permanece a ameaça de ataques de guerrilha.

O Al Shabab promove uma insurreição há quatro anos contra o governo apoiado pelo Ocidente e as forças de paz da UA, que foram mobilizadas para ajudar a manter a calma no país afetado por duas décadas de conflito civil desde a derrubada, em 1991, do ditador Mohamed Siad Barre.

O diretor encarregado da Somália na organização SOS Children, Ahmed Ibrahim, disse que as tropas do governo e as forças de paz avançaram em direção ao segmento norte de Mogadício nos últimos três ou quatro dias. "Parece que eles tiveram alguma resistência do Al Shabab hoje", afirmou.

"Temos tido balas perdidas no hospital. Nós retiramos as crianças. Os pacientes começaram a sair correndo e parte da equipe fugiu", disse ele, acrescentando que algumas pessoas ainda permanecem no complexo que inclui o hospital e um orfanato.

Dahir Abdulle, enfermeiro no hospital SOS, descreveu o pátio deserto. "Hoje, disparos de artilharia nos deixaram surdos; depois, uma bala perdida atingiu o véu de uma parente de um paciente. Eu me abriguei dentro do orfanato. Depois de alguns minutos, eu saí, mas não vi nenhum paciente".

Ibrahim afirmou que a região estava silenciosa depois que o Al Shabab anunciou sua retirada de Mogadício, num movimento que os rebeldes disseram ser tático.