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Europeus querem maior integração para combater crise do deficit
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MARÍA LORENTE
DA FRANCE PRESSE, EM BRUXELAS
Vários líderes europeus pedem uma maior integração política e econômica, uma espécie de Estados Unidos da Europa, para resolver a crise da dívida e evitar o fracasso da zona do euro.
No entanto, a Alemanha, maior economia da região e principal contribuinte da zona do euro (integrada por 17 dos 27 países da União Europeia), considera que uma união fiscal que inclua medidas como a emissão de eurobônus para salvar o euro "atentaria contra a natureza da integração europeia".
Ninguém parece duvidar de que a UE precisa de reformas. O que gera polêmica são as fronteiras que teriam de ser ultrapassadas para alcançar uma maior integração.
O presidente do Banco da Itália e futuro presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, pediu uma revisão "profunda" do Tratado de Lisboa (adotado no fim de 2009 para melhorar o financiamento da UE), completando que as medidas de curto prazo adotadas até agora para solucionar a crise da dívida são insuficientes.
A gravidade da crise deve-se a uma "construção europeia inacabada", afirmou Draghi na segunda-feira em Paris.
"Ou a Europa avança para uma união política ou o resultado será a desintegração, uma ruptura", afirmou o economista Nouriel Roubini, um dos poucos a prever a atual crise financeira global, durante uma reunião de ex-dirigentes e especialistas em Bruxelas.
Deixar os nacionalismos de lado, empreender uma reforma estrutural na Europa que inclua uma ampliação do fundo de resgate e emitir eurobônus foi a receita dada por esses dirigentes e especialistas, entre eles os ex-presidentes da Espanha, Felipe González, e da Alemanha, Gerhard Schröder, membros do Conselho para o Futuro da Europa, um grupo de reflexão.
Mas o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Shäuble, manifestou seu "mal estar" diante das demandas de alguns políticos e economistas da zona do euro que "pedem um salto para a união fiscal e a responsabilidade dividida".
"Um passo semelhante não apenas fracassaria em solucionar a crise, como no médio prazo a agravaria, já que tiraria o incentivo para que alguns membros mais frágeis da Zona do euro executem as reformas tão necessárias", afirmou.
PROPOSTAS
Recentemente, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, propuseram em Paris a criação de um "autêntico" governo econômico europeu, formado pelos líderes da Zona do euro e com um presidente permanente, cargo para o qual propuseram o nome do presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy.
Mas França e Alemanha consideraram também nessa reunião que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef) tem recursos suficientes e que por enquanto não haverá eurobônus.
"Estamos na linha vermelha. Vemos que não há vontade política nem econômica e que as divisões se agravam", disse à AFP Diego Valiente, do Centro de Estudos Políticos (CEPS), um centro de análises europeu baseado em Bruxelas.
"Enquanto não conseguirmos essa união, continuaremos aprovando medidas fiscais de urgência", completou.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, mostrou-se otimista e destacou que a Europa sairá fortalecida dos atuais desafios.
"Acredito que a Europa sairá desta crise mais forte porque agora, na Europa, todo mundo, a esquerda e a direita, concordam em dizer que precisamos de reformas estruturais para sermos mais competitivos", declarou na segunda-feira na Austrália.
Martin Blessing, do banco alemão Commerzbank, pediu que "os países da União Europeia escolham o caminho da união política e econômica, caso contrário, não teremos outro remédio a não ser admitir que o euro foi uma experiência interessante, mas que fracassou".
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