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10/09/2011 - 10h44

Inteligência dos EUA avança após 11/9, mas problemas persistem

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TABASSUM ZAKARIA
DA REUTERS, EM WASHINGTON (EUA)

As agências de inteligência dos EUA carregarão para sempre a cicatriz de não terem conseguido ligar os pontos e detectar os preparativos para os atentados de 11 de setembro de 2001, mas os esforços dos últimos dez anos para facilitar o compartilhamento de informações entre os diversos órgãos já estão criando raízes.

No mundo da espionagem, não é fácil passar da cultura do "preciso saber" para a do "preciso compartilhar". Ainda hoje, alguns funcionários dessas agências temem um futuro ataque no qual os serviços de inteligência possuíssem pistas nos seus vastos bancos de dados, mas sem conseguir juntar as partes, ou mesmo saber que essas informações existiam.

Mas mudanças significativas --grandes e pequenas-- já derrubaram algumas barreiras entre as agências, facilitaram o compartilhamento de informações e melhoraram a coordenação, segundo especialistas em inteligência.

Um exemplo disso é o crachá azul dado a todos os funcionários da vasta comunidade de inteligência, simbolizando sua identidade comum, ou então as iniciativas para misturar funcionários de vários órgãos.

"Estamos muito à frente (em relação a dez anos atrás)", disse David Shedd, subdiretor da Agência de Inteligência da Defesa, sobre a capacidade de coordenar informações. O que não significa que o complô para um novo atentado nos EUA não possa passar despercebido pelas autoridades.

A resposta política à falha dos serviços de inteligência no 11 de Setembro foi a criação, em 2002, do Departamento de Segurança Interna, reunindo 22 agências para formar o terceiro maior ministério dos EUA (atrás do Pentágono e do Departamento de Assuntos dos Veteranos).

Depois, no final de 2004, criou-se o cargo de diretor de Inteligência Nacional, para supervisionar todas as agências de espionagem, conforme recomendava a comissão bipartidária que investigou o 11 de Setembro. Até então, o diretor da CIA acumulava essa tarefa.

HÁ PROBLEMAS

Tanto naquela época quanto agora, críticos argumentam que a reação do governo foi a habitual durante crises -- criar mais burocracia. Mas outros acham que a mudança era muito necessária.

"Foi uma tremenda melhora", disse Lee Hamilton, que foi vice-presidente da comissão bipartidária. "Não é algo tranquilo, há problemas, e ainda temos um caminho a percorrer", ressalvou.

As autoridades dizem que as reformas já tornaram os EUA mais seguros, e citam como provas disso a operação que levou à morte de Osama bin Laden, em maio no Paquistão, graças à coordenação entre as agências de inteligência e os militares.

Por outro lado, a nova estrutura não foi capaz de detectar a ação de um nigeriano que, no dia de Natal de 2009, foi detido a bordo de um avião preparando-se para acionar explosivos escondidos na sua cueca. Soube-se depois que, a exemplo do que havia acontecido no 11 de Setembro, as autoridades dos EUA tinham informações esparsas a respeito dele.

Não por acaso, o presidente Barack Obama usou para descrever esse incidente uma frase que ficou familiar em 2001: "Uma falha da nossa comunidade de inteligência em ligar os pontos de inteligência que existiam".

Rogter Cressey, ex-especialista em contraterrorismo no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, ressuscitou outro termo do 11 de Setembro: "Foi uma falha de imaginação".

Segundo Cressey, a comunidade de inteligência não considerava que a Al Qaeda da Península Arábica, que funciona no Iêmen e tramou o ataque da "cueca-bomba", seria capaz de realizar um atentado em território norte-americano. Se a mesma ameaça fosse oriunda do Paquistão, disse ele, a reação teria sido imediata.

 

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