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Aviões-robô têm papel central na guerra contra terrorismo
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IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL AO PAQUISTÃO
A guerra de dez anos travada pelos EUA e seus aliados no Sul da Ásia aperfeiçoou os manuais de contraterrorismo e contrainsurgência, mas provavelmente entrará para a história como o primeiro conflito em que robôs tiveram um papel central.
Trata-se, claro, dos famosos "drones" --palavra inglesa que designa uma família de aviões-robô controlados a milhares de quilômetros de distância, em bases nos EUA.
As Forças Armadas americanas os usam em funções de vigilância no Afeganistão, mas são os modelos operados pela CIA no Paquistão que causam o verdadeiro impacto e polêmica na guerra.
Utilizando mísseis Hellfire, que são capazes de vaporizar seus alvos, Predators e Reapers são hostilizados como verdadeiros vilões. "Nós não dormíamos à noite, ouvindo aquele zunido. Até que um dia acertaram um de nossos vizinhos. Umas 30 pessoas morreram, inclusive um primo meu que de taleban não tinha nada. Eu perdi meu carro e duas vacas", diz Sahr Zamin, 48.
Ele morava com sua família na vila de Ghar Shanozi, perto de Damadola, na agência tribal de Bajaur. O ataque ocorreu em outubro de 2009, e depois disso todos se mudaram para Mansehra, uma área tribal mais calma perto da capital, Islamabad.
O ataque provavelmente está sob a entrada 44/2009 do maior levantamento já feito sobre o tema, pela ONG New America Foundation. Lá, o suposto alvo do "drone" era um comandante taleban chamado Faqir Muhammad, que não morreu no ataque. A ONG, baseada em noticiário, diz que morreram 25 pessoas, e que a maioria era composta de militantes.
Zamin conta uma história diferente, afirmando que quase todos os mortos eram moradores da vila. Soldados paquistaneses sempre se queixam da dificuldade de discernir entre militantes e moradores. É de se imaginar a imprecisão então de analistas da CIA em seus escritórios com ar-condicionado em Langley, Virgínia, que usam vocabulário de vídeo-game ("splash" é quando aviões captam a morte de um alvo).
O levantamento da New America registra 267 ataques entre 2004 e agosto de 2011, ano que, sozinho, teve 54 incursões. Ele afirma que 20% dos até 2.588 mortos registrados eram inocentes.
"Claramente isso é uma visão errada. Civis são a maioria entre as vítimas", diz o ex-chefe do serviço secreto paquistanês Hamid Gul, um dos "pais" do Taleban afegão.
Sua opinião é refletida na mídia e na elite paquistanesas. Mas a posição oficial do Exército é ambígua: enquanto seu comandante pede que a tecnologia dos robôs seja compartilhada, é sabido que pelo menos até o começo deste ano o Paquistão ajudava a identificar alvos indesejáveis.
Há outras implicações. Defensores dos robôs afirmam que há questionamentos a serem feitos, mas que os princípios de autodefesa e de proporcionalidade os justificam.
Por fim, há questões: o analista que apertou o botão em Langley é alvo legítimo de retaliação? Em qual corte sua ação pode ser questionada?
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