Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/09/2011 - 20h18

Palestinos apresentam pedido à ONU, potências pressionam por negociação

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, entregou nesta sexta-feira uma carta com o pedido histórico de adesão de um Estado da Palestina à ONU com base nas fronteiras de 1967. Se aceito, a Palestina seria o 194º Estado-membro da organização.

Seth Wenig/Associated Press
Abbas entrega pedido formal de reconhecimento do Estado palestino ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon
Abbas entrega pedido formal de reconhecimento do Estado palestino ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon

Logo após ter entregue o pedido ao secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, O líder palestino foi bastante aplaudido no momento em que foi anunciado como o próximo a discursar na 66ª Assembleia Geral da ONU.

Em seu discurso, o líder palestino disse que é chegado o momento dos palestinos viverem em um país independente e, por isso, submeteu a aplicação de pedido pelo reconhecimento do Estado Palestino. Mostrando o papel, pediu a Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, que o transmitisse ao Conselho de Segurança.

"Não acredito que qualquer pessoa em plena consciência seria capaz de rejeitar nosso pedido de reconhecimento como Estado pleno na ONU", afirmou. "Peço que os Estados membros nos reconheçam".

Abbas mostrou uma cópia da carta entregue à Ban e pediu aos membros do Conselho de Segurança da ONU que votem a favor do reconhecimento palestino como Estado pleno, o que seria, segundo ele, uma vitória da paz, justiça, lei e legitimidade internacional.

Mike Segar/Reuters
Presidente de Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, mostra cópia de pedido de adesão à ONU
Presidente de Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, mostra cópia de pedido de adesão à ONU

Ele disse ainda que o apoio demonstrado por diversos países é muito importante para o povo palestino. "O Estado palestino deveria ter sido constituído há anos", ressaltou. "Chegou a hora para meu povo valente viver livre e com um Estado independente".

Abbas também afirmou que busca uma solução pacífica para o impasse, mas os "esforços sinceros" feitos nas negociações foram "esmagados" pelo governo de Israel. Ele pediu um maior envolvimento da ONU.

O líder palestino disse que um ano atrás foram iniciadas negociações de paz em Washington, com apoio do Egito e Jordânia, mas o diálogo foi rompido uma semana depois de serem lançadas.

"O assunto principal aqui é que o governo de Israel se recusa a cumprir resoluções da ONU e continua a construir intensificando colônias no futuro estado da Palestina. Estas políticas desrespeitam o direito internacional", disse.

"Entramos nas negociações com o coração aberto e motivos sinceros, mas as negociações não funcionaram", afirmou, ressaltando que não desistiram do diálogo.

ASSENTAMENTOS

Segundo ele, relatórios da ONU e de organizações internacionais denunciam o confisco de terra palestina e construção de centenas de áreas da Cisjordânia, principalmente no Leste de Jerusalém.

Os relatórios da ONU, segundo Abbas, mostram a situação terrível criada pelos assentamentos promovidos por Israel, o que mostraria a falta de abertura à negociação, destruindo a vida familiar e comunidades. Israel impede também que a população palestina tenha acesso a lugares sagrados, disse.

Don Emmert/France Presse
Visão geral da Assembleia mostra momento em que presidente da ANP se dirige aos líderes presentes
Visão geral da Assembleia mostra momento em que presidente da ANP se dirige aos líderes presentes

Ao invés de segregar, como o governo israelense faz, disse o líder palestino, os dois lados devem cooperar e contruir relações de cooperação por um "futuro melhor". "Estou aqui para dizer que estendemos as mãos para o governo e o povo israelense para chegarmos à paz. Vamos urgentemente construir juntos um futuro para nossas crianças", pediu.

De acordo com o presidente da ANP, a potência ocupante continua proibindo que palestinos construam no Leste de Jerusalém e os afasta de sua terra ancestral, além de suas forças atacarem civis inocentes.

DIÁLOGO

Abbas afirmou que, apesar de ter pedido adesão como Estado pleno à ONU, a Palestina está aberta para retornar às negociações, desde que haja o respeito às resoluções internacionais e a suspensão da política de assentamentos. Segundo ele, o objetivo não é ilhar Israel, mas conquistar legitimidade para os palestinos e construir os pilares democráticos como base eles.

"O estado que queremos será caracterizado pelo direito, pela democracia e pela igualdade", afirmou. "Esse é o momento da verdade. Nosso povo espera ouvir a resposta do mundo. Ele deixará que a ocupação continue em nossa terra? Nós somos o último povo mundial sob política de ocupação".

É tempo de nossos homens, crianças e mulheres viverem vidas normais, as mães terem certeza de que seus filhos voltarão para casa em segurança. meu povo merece o direito de exercer uma vida comum, como o resto da humanidade.

REUNIÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA

O Conselho de Segurança se reunirá na segunda-feira à tarde para uma primeira sessão de consultas sobre o pedido de adesão de um Estado da Palestina à ONU, anunciou nesta sexta-feira à imprensa o embaixador do Líbano, Nawaf Salam, que preside o órgão em setembro.

Salam indicou que havia apresentado o pedido palestino aos outros 14 Estados membros do Conselho, depois de tê-lo recebido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

LÍDERES INTERNACIONAIS

O governo francês advertiu que a iniciativa palestina poderia levar a situação de impasse no Oriente Médio a um "beco sem saída" dentro do Conselho de Segurança da ONU, que, segundo o ministro de Relações Exteriores francês, Alain Juppé, não aceitará reconhecer a Palestina como Estado pleno.

Nicolas Sarkozy, presidente francês, havia proposto dar à Palestina o status de "Estado não membro" da ONU em troca do atraso em um ano da votação de admissão no organismo internacional, mas Israel já rejeitou a ideia. Segundo ele, o reconhecimento implicaria a existência de um Estado à margem das negociações de paz.

Após o presidente americano, Barack Obama, indicar que os EUA não apoiarão o pedido de Abbas, seu antecessor Bill Clinton afirmou que o premiê israelense Benjamin Netanyahu é o grande responsável por não se ter chegado a um acordo pacífico que acabe com o conflito na região. Os EUA devem vetar a prosposta de reconhecimento da Palestina no Conselho de Segurança.

Mandel Ngan/France Presse
Obama reiterou em reunião com Abbas que os EUA vetarão os planos palestinos de adesão às Nações Unidas
Obama reiterou em reunião com Abbas que os EUA vetarão os planos palestinos de adesão às Nações Unidas

De acordo com o jornal israelense "Ha'aretz", Clinton deu a declaração durante conferência em Nova York, onde disse ainda que Netanyahu perdera o interesse nas negociações assim que duas demandas suas foram aceitas: a existência de uma liderança palestina viável e a possibilidade de normalizar seus laços com o mundo árabe.

A presidente brasileira, Dilma Rousseff, por sua vez, ao abrir o ciclo de debates da 66ª Assembleia Geral da ONU, defendeu a existência de um Estado palestino pleno. Após dar as boas-vindas ao Sudão do Sul, ela disse lamentar "não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas".

"Assim como a maioria dos países nesta Assembléia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título", afirmou. "Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional."

PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO

No final da tarde desta sexta-feira, o Quarteto para o Oriente Médio --bloco formado por EUA, Rússia, União Europeia e ONU-- divulgou nesta tarde uma declaração propondo um acordo de paz final entre palestinos e israelenses "antes do final do ano de 2012".

"Em um mês haverá um encontro preparatório entre as partes para definir a agenda e os métodos de procedimento da negociação. Nesse encontro haverá o compromisso de que o objetivo de toda negociação é alcançar um acordo em um prazo de tempo definido por todas as partes mas não mais tarde que finais de 2012", diz o texto da declaração.

O grupo de países teve uma reunião nesta tarde em Nova York, horas após o presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas oficializar na ONU o pedido para que a Palestina se torne membro pelo da organização.

A proposta do Quarteto está em sintonia com o discurso dos EUA e de Israel, que pregam que a paz no Oriente Médio só pode ser obtida com a retomada das negociações, e não com o reconhecimento da Palestina na ONU.

A declaração pede ainda que palestinos e israelenses apresentem "propostas completas em até três meses sobre segurança e território [questão das fronteiras]" e que sejam obtidos "progressos substanciais" em até seis meses.

A proposta estabelece ainda uma conferência internacional a ser realizada em Moscou, "em momento conveniente" para analisar o avanço das negociações e também uma conferência de doadores internacionais para a Palestina.

Porém, a declaração não traz nenhuma nova proposta para resolver questões chave como a questão das fronteiras, o status de Jerusalém e o futuro dos refugiados palestinos e dos colonos judeus. A iniciativa vem sendo encarada por analistas como a ação mais limitada já tentada pelo Quarteto.

Já a secretária de Estado americana Hillary Clinton disse que o Quarteto traz uma "proposta concreta" para retomar as negociações de paz.

"Os EUA estão satisfeitos porque o Quarteto pôde publicar uma declaração hoje com uma proposta detalhada e completa para reiniciar a negociação ente israelenses e palestinos sem atrasos ou precondições", disse a secretária de Estado.

APELO

O negociador palestino Saeb Erakat apelou nesta sexta-feira a Israel que aceite a oferta do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU) visando a retomada das negociações de paz, e insistiu no congelamento da colonização dos territórios palestinos.

"Estamos preparados para assumir nossas responsabilidades com base no Mapa da Paz e no direito internacional", disse Saeb Erakat, citado pela agência France Presse.

Um alto responsável israelense revelou que o país está "estudando a declaração" do Quarteto.

O estudo da proposta havia sido solicitado nesta sexta-feira pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Ela pediu a palestinos e israelenses para "aproveitar" a oportunidade e retomar o diálogo proposto pelo grupo de negociação.

"Instamos ambas as partes a aproveitarem esta oportunidade para voltar ao diálogo", disse Hillary a jornalistas na ONU, onde o presidente palestino, Mahmoud Abbas, apresentou esta sexta-feira o pedido de adesão de um Estado da Palestina às Nações Unidas, apesar da oposição de Estados Unidos e Israel.

Segundo a declaração divulgada na ONU, o Quarteto propôs alcançar um acordo de paz entre israelenses e palestinos "antes do fim de 2012", para o qual "em um mês haverá um encontro preparatório entre as partes para acertar a agenda e os métodos de procedimento da negociação".

"A proposta do Quareto mostra a firme convicção da comunidade internacional de que a paz justa e duradoura só pode ser alcançada através de negociações entre as partes", disse Hillary.

Os Estados Unidos, que têm poder de veto no Conselho de Segurança, prometeram rejeitar a solicitação de adesão do Estado palestino, alegando que a negociação direta com Israel é o único caminho para a paz.

editoria de arte/folhapress
onu palestina
onu palestina
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página