Publicidade
Publicidade
Juiz usa julgamento do mensalão para invalidar efeitos da reforma da Previdência
Publicidade
VALMAR HUPSEL FILHO
DE SÃO PAULO
Um juiz de Belo Horizonte usou o julgamento do mensalão para invalidar efeitos da reforma da Previdência de 2003 e elevar o valor da pensão de uma viúva.
Para Geraldo Claret, da 1ª Vara da Fazenda local, a aprovação da reforma ficou "eivada de vícios de decoro" após o STF (Supremo Tribunal Federal) concluir, durante o julgamento do mensalão, que houve compra de apoio político no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"A votação foi maculada de forma irreversível e não representou a vontade popular, mas da compra de tais votos mediante pagamento em dinheiro", disse Claret à Folha.
No caso analisado, a partir da aprovação da reforma, uma viúva de servidor estadual passou a receber R$ 2.575 em vez do valor integral, de R$ 4.827. O magistrado autorizou o pagamento integral.
A Procuradoria Geral da República cita ao menos três votações que estariam ligadas ao esquema do mensalão: as das reformas tributária e da Previdência e a da Lei de Falências.
Mas a possibilidade de anulação de leis aprovadas pelo Legislativo no período do esquema do mensalão é considerada remota por especialistas e ministros do STF, conforme informou a Folha nesta semana.
A avaliação é que o princípio da segurança jurídica deve prevalecer, para evitar possível "caos jurídico" decorrente das anulações.
Para o jurista Ives Gandra Martins, a decisão não se sustentará nas instâncias superiores. Ele diz que o STF concluiu que houve compra de apoio político, mas que o número de deputados condenados, menos de dez, não alteraria os resultados das votações.
Gandra afirma ainda que, caso prevalecesse esse entendimento, toda a legislação aprovada em dois anos teria que ser considerada inconstitucional. "Isso causaria um caos jurídico em todo o Brasil", disse.
Foi o ministro do STF Celso de Mello quem levantou a possibilidade de nulidade. Como a corte julgou ter havido compra de votos de deputados, ele citou que as leis aprovadas com a presença de réus poderiam estar viciadas.
Em seguida, ao menos cinco ministros do STF sinalizaram ser contra a anulação imediata das leis.
Ciente de que sua decisão deve ser derrubada em instâncias superiores, o juiz Claret diz querer contribuir para um debate sobre a reforma da Previdência.
"Que se faça a reforma para proteger a Previdência, mas não se pode ferir o direito de quem contribuiu a vida inteira sob um regime e tenha esse regime alterado depois de 30 anos de contribuição", disse.
O STF informou, via assessoria, que a constitucionalidade da reforma da Previdência não foi questionada formalmente durante o julgamento do mensalão, e que a emenda constitucional continua valendo.
A questão só seria discutida se o STF fosse provocado por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade, o que não ocorreu até o momento, segundo o tribunal.
+ Canais
+ Notícias em Poder
+ Livraria
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice