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20/12/2012 - 04h30

Cineasta é investigado por participar de protesto ao qual não foi

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JULIANA DAL PIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Em uma cadeira de rodas, empurrada por uma enfermeira, o cineasta Silvio Tendler compareceu ontem à 5ª Delegacia de Policia, no centro do Rio para depor em inquérito sobre sua participação em manifestação ocorrida na porta do Clube Militar no dia 29 de março, quando os militares celebravam os 48 anos do golpe militar de 1964.

Naquela data, Tendler se recuperava, em casa, de uma cirurgia de descompressão da medula.

"Eu estava em casa, tetraplégico. Não tinha condição. E eles me acusam de ter pego em paus e pedras", afirmou Tendler, após o depoimento.

Na ocasião, houve um tumulto generalizado e agressões entre a policiais, militares e manifestantes na avenida Rio Branco. O inquérito foi aberto a partir de queixa-crime feita pelo Clube Militar.

O cineasta é acusado de constrangimento ilegal. Ele chegou à delegacia acompanhado por seu advogado, Carlos Eduardo Martins Silva, e de Antonio Modesto da Silveira, integrante da Comissão de Ética Pública da Presidência da República e ex-advogado de presos políticos durante o regime militar.

Ao chegar, Tendler foi saudado por cerca de 50 manifestantes que, munidos de cartazes com fotos de desaparecidos políticos como Rubens Paiva e Stuart Angel Jones, entoavam gritos de ordem como "o Silvio Tendler é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo".

Tânia Roque, ex-presa política e militante do PCdoB durante a ditadura, compareceu à delegacia para prestar solidariedade ao amigo. Indignada, ela contou que estava entre os manifestantes do ato em 29 de março, mas seu nome não consta do inquérito.

"Aquele ato dos militares é inconstitucional. Como é que vão comemorar o aniversário de uma ditadura? O protesto é um direito legítimo nosso", disse.

Ao deixar a delegacia, o cineasta fez uma provocação. "Eles consideraram uma afronta e um palavrão as pessoas terem gritado: abaixo a ditadura, então vamos gritar: abaixo a ditadura!", convocou.

O delegado responsável pelo caso, Alcides Pereira, não quis falar com os jornalistas após o depoimento do cineasta. A expectativa dos advogados é de que Tendler não seja indiciado, mas como há outras pessoas citadas, o inquérito ainda não foi concluído.

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