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Votaram mal em Dourados, diz prefeito interino
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RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Quando vota mal, a população se coloca à mercê de pessoas sem moral e capacidade administrativa e sofre com a corrupção e falta serviços básicos, como o atendimento à saúde.
A opinião é do juiz Eduardo Rocha Machado, 53, que anteontem assumiu interinamente o cargo de prefeito de Dourados (250 km de Campo Grande), a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
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Nesta semana, uma operação da Polícia Federal prendeu o prefeito, Ari Artuzi (PDT), o vice, a primeira-dama, quatro secretários municipais, o presidente da Câmara e mais oito vereadores.
Todos são suspeitos de integrar um esquema de corrupção, fraudes em licitação e desvio de verbas em contratos assinados pela prefeitura.
A cidade ficou sem comando, o que levou o Tribunal de Justiça a indicar Machado Rocha, titular das varas da infância e de Família e diretor do Fórum da cidade.
Natural de Dourados, o juiz, que tem 24 anos de magistratura, disse à Folha que nunca exerceu cargo eletivo, jamais fez campanha ou se filiou a partidos políticos.
Disse acreditar que recebeu o comando de sua terra natal "por obra de Deus". "Não é coincidência. Foi Ele quem me colocou neste cargo neste momento."
Alguma vez o sr. pensou entrar para a política?
Nunca. Eu fiz uma carreira dentro da magistratura e evidentemente o magistrado pensa na carreira dele, e não na política. A possibilidade de ter de assumir a prefeitura passou a me preocupar no momento em que a imprensa tratou do assunto.
Como vê o desafio?
Olha, não é fácil. É uma experiência inteiramente nova. E como a decisão foi muito rápida, não tive muito tempo para me preparar. Mas o objetivo é restabelecer o comando da prefeitura, dar andamento em todas as atividades das secretarias e tentar restabelecer a ordem.
Quanto tempo irá durar seu mandato?
Não há prazo definido. Podemos dizer que, assim que restabelecer a ordem, cessa a minha função.
Em seu discurso de posse, o sr. falou em "passar a limpo" o município. Como planeja fazer isso?
Fazendo auditorias o mais rápido possível, com a ajuda do Ministério Público. Estamos colocando pessoas de extrema confiança para nos auxiliar. Pelo que pude perceber, cada secretaria tem seus problemas. Existem, por exemplo, muitas pessoas que recebem sem trabalhar.
Onde avalia que a situação é mais grave?
A situação da saúde em Dourados é caótica. Isso eu pude constatar em reunião com médicos e diretores de hospitais. Do jeito que estava, se o prefeito anterior continuasse no poder, em 15 dias a saúde do município pararia por falta de medicamentos, por falta de tudo. É um caos.
Por que decidiu manter o secretário Eleandro Passaia, que fez as denúncias?
Tive uma longa conversa com ele e dei a ele um voto de confiança. Senti que ele vai nos ajudar.
Como a população de Dourados reagiu a esse turbilhão?
A população se sente traída. Votou mal e está sentindo o peso que é colocar uma pessoa que não tem a mínima capacidade, administrativa ou moral, para exercer um mandato eletivo. Isso deve servir de lição para população de todo o país. A população tem que votar com consciência e eleger pessoas decentes.
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