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01/12/2010 - 15h30

EUA veem 'festival do amor' na relação Lula-Sarkozy

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IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A diplomacia americana viu com preocupação a estreita relação entre Brasil e França sob as gestões Lula e Nicolas Sarkozy, classificando-a de "festival do amor". Quase literalmente: a popularidade por aqui da primeira-dama francesa, Carla Bruni, seria usada segundo os americanos por Sarkozy para melhorar a relação.

Isso tudo, mais críticas à motivação política do Brasil na concorrência pela escolha dos novos caças da FAB, está descrito em mais um telegrama diplomático vazado pelo site WikiLeaks.

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No caso, um informe feito pela Embaixada dos EUA em Paris em 17 de novembro do ano passado, pintando um quadro em que os americanos se mostram incomodados pela crescente aproximação dos dois países nos anos Lula-Sarkozy.

Ao falar de Carla Bruni, o informe diz que houve decepção no Brasil pela ausência da musa na visita ao Brasil de Sarkozy durante o Sete de Setembro. "Carla Bruni não participou da visita mais recente do presidente francês a Brasília, para a decepção do público brasileiro, o qual aprecia bastante o fato de que o primeiro-casal da França geralmente passa férias no país, de acordo com a Embaixada brasileira no país."

"Comentário:", continua a nota, "Nós julgamos que Sarkozy tira toda a vantagem da popularidade individual de Carla Bruni, e da popularidade deles como casal, para promover os interesses nacionais franceses no Brasil".

Ao comentar a compra dos caças, "motivada politicamente" e na qual um competidor americano (o F-18) sai perdendo, o despacho informa que o governo Lula inclinou-se a comprar os 36 novos caças da França.

O modelo Rafale é apresentado como o escolhido porque Sarkozy teria convencido o Brasil de que haveria total transferência tecnológica, algo que não seria possível fazendo negócio com os americanos ou suecos (que usam peças americanas, sujeitas a vetos do Congresso dos EUA em caso de exportação a terceiros).

Lembra que o Rafale também possui algumas peças americanas, mas que esse fato não é levado em conta no Brasil. Por fim, cita funcionários brasileiros que apontaram a vantagem francesa. E lembra que o Brasil tem uma frota ultrapassada de caças, incapazes de defender seu território, e que Venezuela e Chile têm vantagem na área de defesa aérea.

O grande acordo militar fechado no ano passado, de mais de R$ 20 bilhões para a compra de submarinos e helicópteros franceses, é outro ponto de destaque do telegrama. Segundo o texto, a França ajuda o Brasil a cumprir suas "ambições de virar uma potência mundial nas próximas décadas". Afirma que Lula acredita que isso implica a compra de material militar e a capacitação para ter autonomia no setor.

A busca de um assento no Conselho de Segurança da ONU por Brasília, com apoio de Paris, é lembrada. A candidatura da Olimpíada no Rio em 2016 também teve o apoio de Sarkozy lembrado pelos americanos.

Afirma a nota vazada também que Sarkozy e Lula têm grande afinidade pessoal. Citando "diplomatas brasileiros", afirma que eles comentam que os dois líderes olham um para o outro como quem "olha em um espelho". Em contraste, cita um oficial político brasileiro para dizer que o Brasil duvidaria de tal engajamento por parte do presidente americano, Barack Obama.

Como prova da sintonia, lembra a realização do "Ano do Brasil na França" em 2005, e do "Ano da França no Brasil" em 2006, e cita até a tragédia comum do acidente do voo da Air France --que caiu saindo do Rio para Paris em 2009, matando 228 pessoas.

Em sua conclusão, o embaixador americano Charles Rivkin afirma que Sarkozy irá usar a proximidade e os negócios com o Brasil como um exemplo de sucesso em sua própria candidatura à reeleição, em 2012.

 

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