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17/12/2010 - 07h00

Para EUA, Brasil ficou 'perdido' depois de golpe em Honduras

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DE SÃO PAULO

Os EUA avaliaram que o Brasil esteve "perdido" durante a crise política pós-golpe de Estado em Honduras, em 2009, após receber o presidente deposto Manuel Zelaya na sua representação no país, mostram documentos revelados pelo WikiLeaks.

Após o controverso abrigo a Zelaya, que havia retornado clandestinamente a Honduras no fim de setembro, o Brasil temeu seriamente que a sua embaixada em Tegucigalpa sofresse invasão pelas forças do governo golpista.

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Os despachos fazem parte de lote de documentos obtidos pelo WikiLeaks mas ainda não publicados. A Folha e outros seis veículos têm acesso antecipado aos papéis.

"Tendo sido decidido no apoio ao retorno de Zelaya e tragado --quase certamente sem aviso prévio-- a posição central na crise, ao que não está acostumado, o Brasil parece estar perdido quanto ao que fazer agora", relata a ministra conselheira da Embaixada dos EUA, Lisa Kubiske.

"É notável que o governo brasileiro não tenha assumido papel mais assertivo em busca de uma solução. Em vez disso, sentado no banco de trás, parece estar esperando que os EUA, a OEA [Organização dos Estados Americanos] e a ONU resguardem seus interesses", completa.

O telegrama é datado de 1º de outubro do ano passado, poucos dias depois do retorno clandestino do deposto.

Em pelo menos dois relatos, um deles atribuído ao chanceler Celso Amorim, o Brasil expressa real temor de ter sua representação invadida e pede ajuda aos EUA.

Zelaya foi apeado do cargo e expulso do país no final de junho do ano passado, após tentar promover uma consulta que, segundo a oposição, abria o caminho à sua reeleição --proibida em Honduras.

Foi substituído por um governo "de facto" que se encarregou de realizar as eleições previamente agendadas para o mês de novembro.

O pleito, vencido por Porfírio Lobo, opôs o Brasil, que não reconheceu até hoje a sua legitimidade, e os EUA, que apoiaram essa solução.

Em um documento anteriormente revelado pelo WikiLeaks, o embaixador americano em Tegucigalpa, Hugo Llorens, reconhece que o episódio se tratou de golpe.

"OBSTRUCIONISTA"

Em um outro texto, Kubiske diz ser "definitivamente" um avanço a troca do "antiamericano e obstrucionista" Samuel Pinheiro Guimarães por Antonio Patriota na Secretaria-Geral do Itamaraty.

Menção pouco elogiosa a Guimarães já havia sido feita pelo ex-embaixador americano Clifford Sobel, que atribuiu ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, a frase de que o diplomata "odeia os EUA" --o que foi negado por Jobim.

Patriota, ex-embaixador nos EUA, já foi confirmado pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como ministro do Exterior em seu governo.

 

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