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Caron diz que pediu demissão para facilitar reformulação
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DE SÃO PAULO
Ex-diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes), Hideraldo Caron afirmou nesta sexta-feira que pediu demissão para deixar o governo à vontade para fazer as mudanças que julgar necessárias no setor de transportes.
Caron ressaltou que o pedido de afastamento é irrevogável e foi uma iniciativa "totalmente pessoal e voluntária".
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"O governo já expressou publicamente a intenção de reformular a área de transportes, e eu resolvi solicitar a exoneração no sentido de colaborar para que esse espaço fique disponível para a reformulação. Se é esse o desejo do governo, eu não vou ser impedimento para isso", disse.
Segundo Caron, o pedido de afastamento não tem relação com as denúncias de irregularidades em relação à sua gestão no Dnit. "Até porque não tem nenhuma denúncia relativa à minha área que tenha comprovação, pelo contrário, todos os relatórios que temos dos últimos anos, inclusive da CGU [Controladoria-Geral da União], mostram avanços na melhoria dos procedimentos e da gestão do Dnit", explicou.
PETISTA
O diretor era o único indicado pelo PT na direção do órgão comandado pelo PR desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A saída de Caron do Dnit ocorre após forte pressão do Palácio do Planalto, que tenta aplacar o desagrado do PR --partido que sofreu diversas baixas no Ministério dos Transportes desde o início da crise na pasta, há 20 dias.
Caron era o responsável pelas aprovações ou vetos a aumentos no valor de contratos de obras em andamento e estava desde 2004 no Dnit.
Ontem, ele chegou a ser barrado pela presidente Dilma Rousseff em uma reunião do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de rodovias.
Segundo reportagem publicada ontem pela Folha, Caron fez do Rio Grande do Sul, seu Estado de origem, foco prioritário de sua atuação ao longo de sete anos como diretor do Dnit.
Desde 2005, conforme levantamento da reportagem, Caron fez 119 viagens oficiais pelo país, pagas pelo Dnit, para vistorias de obras e reuniões. Dessas, 82 (69%) tiveram como destino o RS.
Caron disse que sua atuação se concentrou no Estado "por existir uma grande quantidade de obras de construção, pavimentação, duplicação e de obras de artes especiais de alta complexidade técnica de execução".
Na nota enviada por sua assessoria, o petista afirmou que, "por ser conhecido no Estado, também foi muito solicitado para participar de reuniões proferindo palestras".
ESQUEMA
O Ministério dos Transportes é alvo de suspeitas de corrupção após reportagem da revista "Veja", no dia 2 de julho, revelar um suposto esquema de pagamento de propinas em obras federais da pasta.
Ao todo, já somam 16 as demissões por causa das denúncias de superfaturamento e pagamento de propina envolvendo o ministério, a Valec e o Dnit, incluindo o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM).
O diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, comunicou ao Planalto que enviará ainda nesta sexta-feira (22) sua carta de demissão à presidente.
Pagot, que está oficialmente em férias, ainda tentava permanecer no cargo. Com o aviso da presidente de que não retornaria, ele decidiu sacramentar a decisão ainda antes do final das férias.
A comunicação foi feita hoje ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral).
Com a saída de Caron e Pagot, o governo espera encerrar a pior parte da crise que há 20 dias assola o ministério dos Transportes.
Os substitutos devem ser anunciados na próxima semana.
Com Agência Brasil
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