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13/10/2010 - 13h43

Troca de canteiros por cimento provoca revolta de moradores no Jardim da Saúde

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FLÁVIA MANTOVANI
DE SÃO PAULO

Uma obra aparentemente benéfica para a população desagradou a moradores do Jardim da Saúde (zona sul) e gerou abaixo-assinado, ação na Justiça e a suspensão do projeto pela subprefeitura do Ipiranga. A ideia era instalar equipamentos de ginástica para a terceira idade no canteiro central de duas avenidas arborizadas, a Osvaldo Aranha e a Antônio Carlos da Fonseca, uma continuação da outra.

Maria do Carmo/Folhapress
Trecho do canteiro central no Jardim da Saúde; moradores fazem abaixo-assinado para impedir a concretagem do lugar
Trecho do canteiro central no Jardim da Saúde; moradores fazem abaixo-assinado para impedir a concretagem do lugar

O problema é que, para isso, foram feitos retângulos de concreto em nove áreas, retirando a grama e algumas plantas. Segundo a AMJS (Associação de Moradores do Jardim da Saúde), isso é ilegal, pois o tombamento do bairro, de 2002, protege a vegetação e as áreas permeáveis.

Gabriel de Oliveira, vice-presidente da associação, diz ter sido alertado do problema no início de setembro, por moradores --muitos deles idosos, inclusive. "Instalar equipamentos de ginástica poderia ser bom no lugar adequado, como numa praça. O canteiro central de uma avenida é perigoso. E a área é tombada, não poderiam mexer." Ele afirma que a entidade contatou a subprefeitura desde o início das obras, mas demorou a ser atendida.

"O que mais nos deixa perplexos é que isso fere uma norma criada pela própria prefeitura", diz o advogado Heitor Marzagão, diretor da AMJS, que entrou na Justiça contra o projeto. Oliveira diz que os moradores só foram recebidos há duas semanas pela subprefeitura, que se comprometeu a retirar o concreto e a voltar com o gramado. A ação foi suspensa por 90 dias. "Houve acordo, mas o dinheiro gasto à toa saiu dos cofres públicos", diz Oliveira. A obra foi orçada em R$ 63.991.

Medo de ladrões

A cimentação das áreas verdes foi o foco do protesto da associação, mas o que mais mobilizou os moradores foi o medo da insegurança. Segundo eles, os aparelhos chamariam usuários de drogas e ladrões, que poderiam observar a movimentação nas casas, muitas de classe média alta. "Pra que fazer isso? Pra juntar bandido, malandro, maloqueiro?", questiona a moradora Luciana Costa, 39. Ela diz ainda que seus pais, de 71 e 73 anos, nunca usariam os equipamentos. "Canteiro central não é o lugar adequado. E teria que ter instrutor." Para ela, mais necessário seria podar as árvores e fazer a manutenção do gramado.

O advogado Clóvis Machado, 79, morador do local há 48 anos, também acha que as mudanças tirariam sua tranquilidade. A filha dele impediu que fosse concretado mais um retângulo em frente à casa do pai. "Foi ela que plantou aquela mangueira."

Já o aposentado Hiroshi Miwa, 72, diz que a princípio achou os aparelhos uma boa ideia, mas acabou acatando a decisão da maioria. "Achei que seria bom, mas muitos acham que vão aumentar os assaltos."

A sãopaulo esteve no bairro na última terça-feira e o concreto ainda estava lá. Também havia pedaços do meio-fio, retirados pela obra, jogados na grama. A subprefeitura reiterou que devolverá a permeabilidade da área e disse que os aparelhos serão instalados em outro local, a ser definido com a comunidade.

 

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