Hospitais testam novo modelo de remuneração para reduzir custos
Hospitais privados e planos de saúde lançaram um projeto-piloto para testar um novo modelo de remuneração, visando reduzir os custos e melhorar os serviços.
A experiência prevê a troca do sistema atual, em que os hospitais recebem com base nos itens envolvidos na internação. No novo esquema, o pagamento seria por um pacote com valor fechado para o conjunto de procedimentos.
Todos os itens de uma cirurgia de hérnia, por exemplo, hoje são cobrados separadamente. No projeto-piloto, são agrupados em uma só rubrica na conta hospitalar.
Com a tradicional "conta em aberto", quanto mais insumos forem usados, maior será o valor pago pelo plano aos hospitais. Além de estimular exames e procedimentos desnecessários, o modelo não privilegia a prevenção, diz Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo.
A remuneração por pacote, no entanto, também pode acarretar problemas –por exemplo, incentivar subtratamento (como o uso de produtos de qualidade inferior) e seleção de risco (como a recusa de pacientes de maior complexidade). "Tem de ter fiscalização", declara Almeida.
A mudança de remuneração está sendo coordenada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que deu até o final do ano para que o projeto-piloto produza as primeiras conclusões.
O administrador Afonso José de Matos, que mediou as discussões, diz que, a curto prazo, a maior vantagem do pagamento por pacote é baixar custos. Hospitais e planos não teriam mais necessidade de manter equipes revendo a lista de material usado e o valor cobrado, por exemplo.
Segundo Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados, poucos hospitais e operadoras estão pondo em prática as propostas de mudança da ANS. "Parece que neste último ano a ANS se desinteressou pelo assunto."
Em nota, a agência reconhece que só metade dos participantes do projeto-piloto continua negociando as mudanças, mas diz que mantém o incentivo à medida.