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"Walter Salles é o pai que eu nunca tive", diz Garrett Hedlund

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Depois de dias de espera, a confirmação da entrevista chega enfim, por mensagem, no celular: "Podemos fazer às 21h na casa da minha mina, Kirsten? Kirsten Dunst, que coincidentemente faz o papel de minha mulher no filme. Ha! É no lago Toluca."

A ficha demora a cair. Num sábado à noite, em Los Angeles, o convite é para entrevistar o novo galã de Hollywood, Garrett Hedlund, na casa da namorada dele, a Kirsten, que ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes, por "Melancolia", no ano passado.

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Hã? Melhor não questionar, o lago Toluca é logo ali.

Além de engraçadinho e lindo (e, claro, namorado da Kirsten), Garrett, 27, é a revelação de "Na Estrada", esperada adaptação do diretor Walter Salles para o clássico da literatura beatnik "On the Road", de Jack Kerouac.

Walter Salles
Garrett Hedlund, fotografado pelo diretor Walter Salles anos antes das filmagens de "Na Estrada"
Garrett Hedlund, fotografado pelo diretor Walter Salles anos antes das filmagens de "Na Estrada"

O filme, que também tem Kristen Stewart, Viggo Mortensen e Sam Riley no elenco, narra a viagem de dois amigos pelos Estados Unidos: Sal Paradise (alter ego de Kerouac) e Dean Moriarty (personagem de Garrett, inspirado em Neal Cassady, o herói dos beatniks). Acaba de ser lançado no Festival de Cannes (onde ganhou recepção calorosa do público e morna da crítica) e chega ao Brasil no dia 13 de julho.

Já na casa, Garrett, 1,90m, faz a recepção no jardim, florido e com um pórtico branco. Lá dentro, a namorada, num vestido também florido e branco, se levanta do sofá, onde vê TV com a mãe, para dar oi. "Bonita casa, Kirsten", puxo assunto. "É da minha mãe, mas fui eu que comprei!", esclarece. "Tem um lago lá atrás."

MEU GAROTO

Depois de conferir o lago, sento com Garrett na varanda para conversar. A história de "On the Road" é longa. Em 1979, Francis Ford Coppola comprou os direitos para o cinema do livro, lançado em 1957. Ninguém conseguiu botar o projeto em pé, até que ele caiu nas mãos de Walter Salles.

O brasileiro escalou seu elenco com três ilustres desconhecidos em 2007. Mas o filme só se viabilizou em 2010. Nesse tempo, Kristen virou a Bella de "Crepúsculo", Sam se transformou em Ian Curtis, em "Control", e Garrett atuou como um herói de roupas coladinhas em "Tron - O Legado".

Entre 2007 e 2010, Garrett estabeleceu com Walter uma espécie de comunicação por diários. "Eu mandava relatos das minhas noites pra que ele soubesse que eu ainda podia viver essas noites loucas, como as do personagem", diz o ator.

"O filme é sobre juventude, uma época em que você sente que tudo é possível", diz Garrett. "Eu tinha medo de o tempo passar e ficar velho para o papel. Mas o Walter me dizia: 'Você não vai envelhecer. Você é o meu garoto'."

O xodó é recíproco. "Walter é o pai que eu nunca tive. Mas ele odeia que eu diga isso. Prefere que eu fale que é o irmão que eu nunca tive."

Garrett coça a barba por fazer e mexe no cabelo estrategicamente bagunçado enquanto pensa em como se sente num papel para o qual o próprio Jack Kerouac convidou o galã-mor Marlon Brando. "Em uma possível versão, eles queriam que o Brad Pitt fizesse o personagem. Em outra, o DiCaprio. Quando consegui o papel, Mark Wahlberg me disse: 'Fiz um teste para esse filme, há dez anos, com o Matt Damon'."

LIMUSINE

"Viemos atrapalhar a festa de vocês", diz Kirsten, ao entrar na varanda com uma amiga. "Brincadeira, só queremos um isqueiro." Garrett e Kirsten gostam de ficar ali, na casa, com a família dela, vendo programas na TV como "Jeopardy" (um "Show do Milhão" gringo) ou brincando de jogos de tabuleiro como Scattergories (a versão americana do nosso Stop).

Garrett é um menino do interior. Na cidade onde nasceu, a pequena Roseau, em Minnesota, só havia três canais de TV. No censo de 2010, a população era de 2.633 pessoas. Ainda garoto, pegava os endereços dos estúdios nas fitas VHS e escrevia cartas pedindo uma oportunidade no cinema.

Na adolescência, passou a ligar para os agentes de Hollywood: "Oi, eu sou um aspirante a ator procurando um agente". É claro que ninguém ligava de volta. Depois, passou dois anos voando para Los Angeles para fazer testes. Assim, enquanto os colegas curtiam a formatura no colégio, ele já estava em Malta, filmando "Troia", com Brad Pitt.

Recentemente, gravou o novo filme dos irmãos Coen "Inside Llewyn Davis". "Filmar com os Coen parecia férias. Eles são diretores incríveis", diz, para logo sussurrar. "Mas nada que se compare ao Walter. Ninguém nunca fez um investimento tão grande em mim."

"Baaaaaby! Por que demora tanto?", grita a dona da casa do outro lado da varanda. É hora de devolver a Kirsten o seu namorado. Enquanto Garrett chama um táxi (depois de se confundir e ligar para um serviço de limusines), agradeço a ela por me receber.

"Imagina, aqui em casa estamos sempre de portas abertas. Gostamos muito de visitas." Garrett me acompanha até o táxi. A visita acabou. Kirsten está de portas abertas, mas não divulgamos o endereço.

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