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Serafina

Conheça as estrelas do filme 'Gonzaga - De pai para filho'

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Julio Andrade, 35, era fã de Gonzaguinha (1945-1991) desde pequeno. O pai cantava para ele e mostrava como o braço arrepiava. "Fui ouvindo e arrepiando também." Os amigos adolescentes gostavam de Titãs, Legião Urbana. Achavam brega curtir o "cantor-rancor", o autor de "O Que é, o Que é?" e "Sangrando". Julio nem ligava.

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Chambinho do Acordeon, 32, era fã de Luiz Gonzaga (1912-1989) desde pequeno. O pai era pandeirista, e o avô tocava sanfona de oito baixos, a mesma de Januário, pai de Gonzagão. O bisavô era rabequeiro. "Tocar é meio genético." Gostar de Luiz Gonzaga, dono dos hits "Asa Branca" e "O Xote das Meninas", era natural.

Antes do teste para interpretar Gonzaguinha, o ator gaúcho Julio passou dias andando em casa com uma peruca. Numa noite, ao chegar em casa, sua ex-mulher, Tainá Müller, levou um susto: Gonzaguinha e Cazuza estavam na sala de jantar. Julio tinha pedido ajuda ao amigo Daniel Oliveira, que fez Cazuza no cinema. E depois subiu o morro do Corcovado vestido de Gonzaguinha e foi pedir ajuda para o Cristo Redentor.

Antes do teste para interpretar Gonzagão, o sanfoneiro paulista Chambinho (originalmente chamado Nivaldo) não teve tempo de se preparar. Foi decorando o texto de madrugada, na estrada entre São Paulo e Rio. Tinha pedido ajuda à mulher, Daniela, que foi dirigindo o carro e sabe o texto de cor até hoje. E depois viajou para Exu (PE), terra de Gonzaga, e foi pedir ajuda ao rei do baião.

Julio e Chambinho são as estrelas de "Gonzaga - de Pai pra Filho", de Breno Silveira, diretor de "2 Filhos de Francisco". O filme, que narra a conflituosa relação de Gonzaguinha e Gonzagão, acaba de abrir o Festival do Rio, estreia no dia 26 de outubro e marca o centenário do rei do baião. Os dois não fizeram nenhuma cena juntos, já que vivem pai e filho mais ou menos na mesma fase da vida.

Gonzaguinha era um personagem controverso, mas Julio não julga o cantor. "Devia ser muito difícil carregar o nome de um cara que é um mito, que tem 'rei' no nome, mas não ter a presença do pai." Julio também é pai, de uma menina de sete anos que não é sua filha biológica.

"Assumi a filha de uma namorada, que engravidou de outro cara. Muita gente não entendia a minha postura, principalmente a minha família, mas joguei os valores pras cucuias. Minha história tem a ver com a história do Gonzaga. Minha filha sabe que eu sou artista, que, às vezes, fico fora uns meses. Mas sempre volto. Sou um pai lúdico, pai do coração."

Gonzagão era um personagem controverso, mas Chambinho não julga o sanfoneiro. A mãe de Gonzaguinha morreu quando ele era criança e ninguém sabe ao certo se Gonzaga era mesmo seu pai. Gonzagão foi ausente e deixou o filho por anos com outra família. Chambinho também é pai, de um menino de 12 anos que não vive com ele.

"Gonzaga teve que escolher: ou ele criava um filho como bom pai, ou seria o Luiz Gonzaga que conhecemos hoje. Eu também não sou um pai totalmente presente. Minha história tem a ver com a história do Gonzaga. Nessa profissão de músico, a família sofre. A mãe dele acha que eu estou ganhando bem por causa do filme. Mas, na carreira de músico, tem mês que é bom, tem mês que não. Quero acertar profissionalmente, mas para isso eu preciso correr atrás. Para estar mais com ele, tinha que ter um emprego normal, desses de segunda a sexta."

Julio também foi um pai para Chambinho na hora dos testes. "Ele percebeu que eu estava nervoso e me explicou que atuar é que nem música, é tempo, tem compasso, tem as crescentes. E me passou tranquilidade. Ele não tinha poder de me escalar, mas parece que me escolheu", conta Chambinho.

O sanfoneiro sofreu para interpretar seu ídolo. "Para os nordestinos, Luiz Gonzaga é como um santo. Fiquei com medo de mexer com ele. Tive pesadelos com ele puxando minha perna, dizendo: 'Cabra, faça direito!' Cheguei a acordar assustado e arrancar uma cortina. Foi um período tenso da minha vida."

Antes de ser Gonzaguinha, Julio colecionou bichos em formol, serviu no Exército e cantou em banda até virar ator. Foi protagonista do filme "Cão Sem Dono", de Beto Brant, mordomo na novela "Passione" e Raul Seixas no especial "Por Toda Minha Vida". Já está escalado para filmar "Serra Pelada", de Heitor Dhalia. "Mas ser ator é um bico. Quero virar diretor." Vai dirigir dois clipes, dos músicos Lucas Santtana e Gui Amabis. Quer mudar para o Rio e viver "em comunidade".

"Era assim que moravam os caras dos grandes movimentos: os tropicalistas, os Novos Baianos. Pra fazer algo consistente, tem que juntar uma galera, agregar pessoas."

Antes de ser Gonzagão, Chambinho trabalhou como office-boy e metalúrgico até sofrer uma queimadura grave e decidir se jogar na carreira de músico. Tímido, foi sanfoneiro free-lancer e tocou com a Banda de Pífanos de Caruaru, a Banda Caiana e o Trio Zabumbão.

Já gravou um CD só com músicas de Luiz Gonzaga e acaba de fazer um DVD com a ajuda da equipe do longa. "Estou montando show novo e ainda não tenho gravadora. A esperança é grande com o filme. Não me vejo como um Michel Teló, mas também não quero ser o Zé do Boteco."

Produção das fotos: Simone Pokropp

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