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Serafina

Fado volta à moda com uma nova geração de cantoras em Portugal

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O belo rosto da fadista Carminho vende apartamentos em outdoors espalhados por Lisboa. Ela esteve no Rio, no primeiro semestre, gravando duetos com Chico Buarque, Nana Caymmi e Milton Nascimento, que serão incluídos no seu segundo CD, "Alma", a ser lançado aqui em dezembro, com turnê pelas capitais brasileiras.

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Aos 28 anos, dona de uma voz suave e doce e, ao mesmo tempo, vigorosa e visceral, a rapariga capitaneia uma nova explosão do velho fado.

"O fado tem ciclos. Já houve épocas de ouro. Agora, vivemos de novo um bom momento", diz Carminho. "O capitalismo falhou. E, quando as coisas falham, as pessoas querem recuperar a alma. O fado está na base dos nossos valores."

XALE E JEANS

Carminho não gosta do rótulo de "inovadora do fado", repetido pela crítica: "Eu canto fado tradicional. Não preciso usar xale para ser uma fadista. Os jovens se identificam comigo porque minha imagem é atual. Subo no palco de jeans e já cantei com artistas como Nicolas Jaar, astro da música eletrônica americana".

A primeira época de ouro foi nos anos 1930/1940, com o surgimento das grandes casas de fado no Bairro Alto, na Moraria e na Alfama, redutos boêmios lisboetas. Apareceu, então, Amália

Rodrigues (1920-1999) e despejou para além das fronteiras a música que expressa a melancolia e o existencialismo portugueses.

"A Amália tirou o fado do âmbito das casas de prostituição e o internacionalizou", fala o documentarista Diogo Varela Silva, 41, sobrinho de Amália e filho de Celeste Rodrigues, que, aos 90, ainda se apresenta semanalmente em Lisboa.

"Em 1974, com o fim da ditadura, o fado foi crucificado, associado ao antigo regime. A retomada aconteceu depois de 1999, justamente com a morte de Amália. Os jovens artistas se livraram do pudor de tê-la como referência e foram beber em seu repertório", diz.

RODA

Numa noite morna e enluarada, subimos as ladeiras da Alfama para conferir uma noite de fados em um restaurante pequenino chamado Mesa de Frades. Fila na porta, gente jovem e bonita e um ambiente de total descontração.

Depois de nos fartarmos com o melhor da cozinha portuguesa, a porta do lugar foi fechada e os violões soaram. Era como estar numa roda de samba. Só que, em vez do molejo do ritmo brasileiro, havia a poética profunda de Portugal.

Vários fadistas passaram pelo microfone, todos na faixa dos 20, 30 anos. A cantora mascote era uma menina de 16, Terezinha Loureiro, com pulmões e graça de veterana: "Quem me trouxe para a Mesa de Frades foi a Carminho", contou. "O fado virou, sim, uma moda. Meus amigos adoram. Quero fazer medicina, mas nunca vou deixar de cantar."

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