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Serafina

Artista americano transforma armas pesadas em joias de grife

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Espingardas Burberry, morteiros Gucci e motosserras Louis Vuitton. Metralhadoras Dolce & Gabbana, pistolas Fendi e revólveres Prada. A lista, de fazer brilhar os olhos de amantes de armas e de moda, faz parte do trabalho do artista Peter Gronquist, 33.

O americano de Portland, no Estado de Oregon, já customizou mais de 50 armas em seu ateliê caseiro. As peças, douradas, são montadas no mesmo espaço por onde circula a filha de três anos e no qual a mulher, Kim, amamenta o recém-nascido de um mês.

Todos os produtos são armamentos antigos e desativados, de modo que não possam mais atirar, e banhados em ouro 24 quilates. Custam o preço de uma bolsa de grife, variando entre R$ 7.000 e R$ 26 mil. Sua recente criação favorita, ainda inacabada, é uma arma ainda mais pesada: um morteiro de ouro.

É claro que, brincando com fogo, Peter virou alvo das grandes marcas internacionais. Foi acionado legalmente diversas vezes, até que uma delas, cujo nome ele não pode revelar, conseguiu impedi-lo de usar seu logotipo nas obras.

Procuradas pela Serafina, as grifes Chanel, Dior e Louis Vuitton não quiseram se manifestar sobre o assunto. "Não temos nada a dizer sobre esse artista", disse a porta-voz da Louis Vuitton em Paris.

PARÓDIA DO RAP

Ao contrário do que parece, Peter nunca teve uma relação raivosa com o mundo "fashion". Em seu armário, há 30 pares de tênis, camisetas básicas e dezenas de jaquetas de marcas caras, pelas quais, confessa, é "obcecado".

Mas, para ele, a moda deve ser admirada como forma de manifestação artística, e não com adoração.

"Adoro colocar meus tênis Vans para andar de skate por aí. Gosto de ter um bom jeans, mas não uso nada muito refinado", conta.

A proximidade com as armas vêm de longe. Peter gostava de treinar tiro como hobby quando era mais novo. "Agora não tenho mais tempo", diz.

Até chegar ao trabalho com as armas-esculturas que lhe renderam barulho em feiras como a Art Basel, em Miami, e a Scope, em Nova York, ele atirou para todo lado.

Aos quatro anos, pintava aquarelas com a mãe. Aos 13, vendeu seus desenhos pela primeira vez para uma galeria. Na adolescência, experimentou técnicas de grafite ­""ele é fã dos irmãos brasileiros osgemeos"", mas sentiu que essa não era a sua.

Decidiu, então, estudar na Escola de Artes Visuais de Nova York e no Instituto de Arte de San Francisco.

As peças ameaçadoras surgiram como uma piada em 2000. "Era uma paródia da cultura do rap", conta.

O estopim do processo inventivo de Peter foi um mimo recebido de um amigo: uma maleta "vintage" da Louis Vuitton.

Os dois estavam em uma festa quando, por volta das 3h, ele teve a ideia de cortar o couro da bolsa para forrar uma espingarda de cano curto que tinha em casa. "Meu amigo Bob adorou a ideia e foi assim que criei minha primeira arma da moda", lembra ele.

Aos poucos, o trabalho deixou de ser uma brincadeira e ganhou outro significado. O artista percebeu que os objetos representavam a glamorização das armas e a banalização da violência.

"Muitos rappers aparecem em clipes empunhando pistolas, usam camisetas e colares com logotipos enormes. É como se a arma fosse mais um artigo de luxo, um acessório que confere status", diz. Foi então que decidiu aumentar a produção armamentista no quintal de casa.

Depois das armas de grife, ele passou a trabalhar com taxidermia. Apesar de não dominar a técnica, garimpa carcaças em lojas de objetos antigos e as modifica.

As enormes cabeças de animais apresentam, no lugar dos chifres, metralhadoras feitas de plástico ou de resina.

"Achei interessante a ideia de que os animais também pudessem ter armas de fogo para se defender. Seria uma briga mais justa, não acha?"

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