Internet não vai mudar jeito de pensar a publicidade, diz Bob Wollheim
O diretor responsável pela estratégia digital do Grupo ABC, Bob Wollheim, foi o entrevistado do programa Arena do Marketing desta quarta-feira (24) e tratou do tema "Negócios digitais: um mundo de oportunidades"
Participaram do programa Marcelo Severo Pimenta, professor de Gestão da Inovação, da ESPM, e a mediação foi da jornalista Mariana Barbosa.
Para Wollheim, o papel de um responsável pela estratégia digital é trazer novas empresas para tecnologia e deixar aflorar uma energia empreendedora que está nos jovens no que chamou de "mudança cultural", gerando uma "angustia na dose certa".
"A internet não vai mudar o jeito de pensar a publicidade, mas ampliar", diz Wollheim.
Para o publicitário, nessas fases iniciais da publicidade digital há um excesso de direcionamento para o aparelho ou o software e menos importância direcionada à mensagem.
Entretanto, ele acredita que o analógico não vai acabar, pois nem tudo se desmontou, ao mesmo tempo em que nem tudo está igual, são apenas novos meios de contar a história que no final continua sendo conteúdo de publicidade.
"Novas tecnologias podem potencializar ideias, boas ou ruins (...) De qualquer forma, a internet potencializa o questionamento", diz Wollheim.
Para os próximos anos, o publicitário vê uma radicalização de ajustes que não inclui a substituição. "Tem uma parte grande do dinheiro direcionado à TV, mas também há investimentos em outras áreas. Não serão ajustes de ruptura, mas de acomodação."
Para Wollheim, isso obriga todos os meios a se conhecerem melhor, a se entenderem melhor, mas é preciso tomar cuidado com ideias destruidoras, é preciso questionar o "fake" e os "robôs" da internet, que criam perfis falso.
Segundo o professor Pimenta, os "robôs" não têm inteligência para responder ou substituir uma equipe –o que pode comprometer a marca–, e só a experiência pode mostrar o que deu certo e errado.
Já em relação à publicidade para "mobile" (smartphones e tablets), Wollheim acredita que é uma ferramenta muito íntima, o que faz com que a chegada de marcas a esse meio tenha que ser mais cuidadosa, não invasiva. Para ele, o Brasil não está atrasado nessa área e as Startups estão indo nesta direção.
"Criadores é uma palavra que eu gosto nessa intensificação de tecnologia que gera mais automação, como o carro sem motorista, o que muda o trabalho repetitivo. O que vai sobrar é, numa visão otimista, substituir profissões por outras criativas, pois haverá a necessidade de pensar novos processos, menos ofício e mais conceituação, mudando o modelo de negócio", diz Wollheim.