Austrália promove abate de tubarões após sete banhistas sofrerem ataques
Enquanto os australianos corriam para as praias no auge do seu caloroso verão, um pescador profissional, contratado para a tarefa, puxava um tubarão-tigre de três metros fisgado com uma isca no litoral do Estado da Austrália Ocidental. O pescador atirou quatro vezes na cabeça do animal com um rifle calibre .22. Depois, rebocou a carcaça até alto-mar, onde ela foi largada.
A pesca, em 26 de janeiro -o Dia da Austrália, feriado nacional em que as praias costumam lotar-, foi a primeira a seguir a nova política de "apanhe e mate" na Austrália Ocidental, voltada para grandes tubarões brancos, tubarões-tigre e tubarões-cabeça-chata.
O abate oficial surge depois de sete ataques fatais de tubarões contra banhistas no Estado nos últimos três anos.
A decisão do governo do Estado tem por objetivo tranquilizar os frequentadores das praias. No entanto, horrorizou os conservacionistas e foi de encontro aos esforços globais para proteger os tubarões. Opositores da política de abate realizaram protestos e consultaram advogados sobre a possibilidade de barrar a lei na Justiça.
Algumas praias, incluindo a famosa Bondi Beach, em Sydney, na costa leste, instalaram redes para proteger banhistas. Mas as próprias redes causam controvérsia, porque outros tipos de vida marinha ficam presos a elas.
O oeste da Austrália, de modo geral, não instalou redes e preferiu confiar em patrulhas aéreas e nas praias. A região também tentou adotar um sistema de alerta, informando pelo Twitter a localização de tubarões com tarjeta de identificação. Colin Barnett, primeiro-ministro estadual, diz que o monitoramento e os alertas são insuficientes para um Estado que registrou forte aumento na frequência de ataques letais -antes dos últimos três anos, houve apenas 13 mortes no século anterior. "Eu sei que muitos australianos ocidentais que adoram usar o oceano -mergulhadores, surfistas, nadadores e suas famílias- querem mais proteção contra tubarões perigosos", afirmou o premiê estadual, antes do início do abate.
Para realizar essa prática, o Estado precisou obter isenção em relação a uma lei federal, de 1999, de proteção da biodiversidade.
O ministro nacional do Ambiente, Greg Hunt, concedeu a autorização, citando a segurança pública e a ameaça que os ataques de tubarões representam para o turismo.
Os conservacionistas dizem que o amplo impacto no ecossistema marinho torna o abate de tubarões uma medida míope. Como predadores no topo da cadeia alimentar, os tubarões regulam as populações de espécies marinhas das quais se alimentam e "removem os doentes, os fracos e os feridos", disse Jeff Hansen, diretor-gerente da Sea Shepherd Australia, entidade de defesa da vida marinha.
Eliminando-se os tubarões, disse Hansen, as populações de arraias vão dar um salto, o que levará ao esgotamento das colônias de vieiras. "Você não pode tocar em uma espécie sem afetar a que está próxima", disse ele.
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