Salles termina viagem em Washington com eventos cancelados

Ministro se encontraria com controversa entidade que questiona o aquecimento global

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Washington

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, encerrou sua visita a Washington nesta sexta-feira (20) depois de parte de seus compromissos ser cancelada de última hora. Salles, que havia chegado na quarta-feira, viaja no sábado pela manhã para Nova York.

Na quinta-feira, o ministro previa se encontrar com o líder do CEI (Competitive Enterprise Institute), um controverso órgão que questiona o aquecimento global. Foi cancelado. Foi anulada também sua entrevista com a Bloomberg na sexta. Um de seus encontros de mais prestígio, no Departamento de Estado, igualmente não se concretizou. Em todos os casos a assessoria falou em conflito de agenda e ressaltou o “dinamismo” do cronograma. 

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, gesticula
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente - Adriano Machado/Reuters

No caso do Departamento de Estado, o ministério disse que os interlocutores americanos foram convocados para um encontro de emergência no Departamento de Defesa. A entidade americana não confirmou à Folha.

Salles, por outro lado, esteve no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), um evento que não estava previsto na agenda inicial. Foi ali que o ministro fez o principal anúncio de sua visita a Washington —os planos de criar um novo fundo para a Amazônia. Ainda não há, porém, informação de montante ou de que países vão participar dele.

Salles sentou-se no Wilson Center —a portas fechadas, como o restante de sua agenda— com representantes de organizações voltadas à conservação do ambiente. Foram convidados, entre outros, as entidades Conservation International, World Wildlife Fund e Nature Conservancy.

O ministro também esteve na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, na EPA (agência americana de proteção ambiental), no jornal Wall Street Journal e na agência de notícias Associated Press. Ele almoçou, ademais, com um representante da Bayer na embaixada brasileira.

A agenda de Salles mesclava, assim, acenos a investidores e reuniões com formadores de opinião, em um momento em que o Brasil enfrenta duras críticas quanto a sua gestão da crise ambiental. Devido ao aumento nas queimadas e no desmatamento na Amazônia, manifestantes protestaram contra a chegada de Salles. Membros do Greenpeace e do Amazon Watch chamaram o ministro de “terrorista” e de “traidor” na entrada da câmara.

A passagem dele por Nova York, a partir de sábado, deve ser delicada. Ali, ele se une à comitiva presidencial na Assembleia-Geral da ONU, que começa já na terça-feira. Há ansiedade quanto ao desempenho do Brasil naquele evento, diante da pressão exercida por países como França e Alemanha. O presidente francês, Emmanuel Macron, já sugeriu que o Brasil merece um líder melhor, após trocar farpas com Jair Bolsonaro (PSL).

A crise na Amazônia é um dos maiores desafios do governo Bolsonaro. Segundo dados do Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia aumentou 222% em agosto deste ano em comparação com o mesmo período em 2018.

Em um episódio dramático, a fumaça das queimadas —somada à de outros países na região— fez São Paulo anoitecer de dia, às 15h. Bolsonaro, no entanto, acusou ONGs de promover queimadas, sem oferecer qualquer evidência nesse sentido. Seu discurso e a proximidade de membros de seu governo a setores interessados na exploração da Amazônia são fatores que motivam críticas quanto a sua política ambiental.

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