A caminho de conferência da ONU, Greta diz que nenhum país faz o suficiente pelo clima

Ativista desembarcou em Lisboa nesta terça (3) e deve seguir para Madri nos próximos dias

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Lisboa

Os 21 dias que passou velejando entre os Estados Unidos e a Europa não parecem ter desmotivado a ativista sueca Greta Thunberg, 16. A adolescente desembarcou em Lisboa nesta terça-feira (3) mandando um recado para autoridades de todo o mundo: "Nenhum país está fazendo o suficiente em relação às mudanças climáticas", disse ela.

A capital portuguesa foi a porta de entrada da jovem na volta ao continente europeu após uma temporada nos EUA. Daqui ela parte para a Espanha, onde será um dos destaques da COP-25 (Conferência Mundial do Clima da ONU), em Madri.

“Nós vamos para a COP-25, em Madri, e vamos continuar a luta por lá, para garantir que, dentro daquelas paredes, as vozes das pessoas sejam ouvidas”, disse Greta, pouco após desembarcar.

Greta falando ao lado de pessoas que estavam com ela na viagem
A ativista climática Greta Thunberg fala após a chegada ao porto de Santo Amaro, em Portugal - Pedro Nunes/Reuters

“Eu e os outros ativistas do clima não vamos parar. Continuaremos a viajar, continuaremos a pôr pressão sobre pessoas com poder no mundo para garantir que elas priorizem o ambiente”, afirmou.

Greta Thunberg disse esperar que, durante a conferência do clima, as pessoas que estão no poder “escutem os cientistas” e "compreendam a emergência da situação".

"Os que estão no poder têm de dar ouvidos à ciência. Não cabe a nós, crianças e adolescentes, apresentar qualquer tipo de plano", afirmou.

Questionada sobre tentativas de criminalização de ativistas ambientais –como uma afirmação sem evidências de que o ator Leonardo di Caprio estaria ligado a incêndios na Amazônia–, a jovem disse que este tipo de comportamento é a maior prova de que o trabalho desses indivíduos está dando certo.

Viagem

“Não é exatamente recomendável cruzar o Atlântico nesta época do ano. Foi uma viagem bem cheia de aventuras”, disse Riley Whitelum, comandante do catamarã “La Vagabonde”, que transportou Greta até a Europa.

A opção por seguir viagem por via marítima aconteceu por questões ambientais. A ativista sueca não anda de avião devido à poluição gerada pelo combustível das aeronaves.

Enquanto na Europa Greta pode se deslocar com facilidade de trem, foi preciso encontrar alternativas que a permitissem sair do continente. Em setembro, ela desembarcou em Nova York para um encontro sobre ambiente nas Nações Unidas a bordo de um barco eco friendly.

O retorno à Europa acabou precisando ser adiantado devido às mudanças na COP-25. A conferência deveria ter acontecido no Chile, mas foi transferida para Madri com menos de dois meses de antecedência devido aos protestos no país sul-americano.
 
Questionada sobre suas escolhas de viagem, notoriamente caras e inacessíveis à maior parte da população, a ativista disse que não quer impor suas escolhas a ninguém.

"Eu não estou viajando desta forma porque eu quero que todos façam isso, mas é para transmitir uma mensagem de que a sustentabilidade é possível. Há alternativas possíveis, eu não estou dizendo a ninguém o que fazer", afirmou.

Greta disse que aproveitou o tempo em alto mar para descansar e recarregar as energias antes de retomar a agenda na COP-25.

A adolescente foi recebida por centenas de pessoas, incluindo muitos jovens ativistas, ainda nas docas onde o catamarã ancorou. Por conta da maré baixa e do vento desfavorável, a chegada acabou atrasando cerca de quatro horas.

No comitê de boas-vindas, muitos traziam cartazes contra viagens de avião ou com pedidos de justiça climática. Várias mensagens também alertavam para a situação na floresta amazônica.

Greta decidiu adiar a partida para Madri, que deveria acontecer na noite desta terça, e ficar pelo menos dois dias em Lisboa. Ela garante, no entanto, que estará presente na marcha pelo clima da capital espanhola, na próxima sexta-feira.

A ativista ganhou notoriedade justamente por aderir a uma greve voluntária das aulas de sua escola, todas as sextas-feiras, em protesto contra as mudanças climáticas. 

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