Conheça as promessas que a China leva à COP26 para debater o clima

País afirmou que atingirá pico de emissões antes de 2030; ambientalistas pedem metas maiores

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Poornima Weerasekara Helen Roxburgh
Pequim | AFP

De última hora, a China revelou seus novos compromissos climáticos para a conferência da ONU em Glasgow (COP26). Conheça abaixo algumas das promessas e questões levantadas pelo maior poluidor do mundo.

O que Pequim promete

Em sua nova contribuição, anunciada na quinta-feira (28), a China prometeu atingir seu pico de emissões "antes de 2030" e a neutralidade de carbono "antes de 2060", compromissos já assumidos publicamente pelo presidente Xi Jinping.

Seu país está empenhado em reduzir sua intensidade de carbono (emissões de CO2 em relação ao PIB) em mais de 65% em relação a 2005.

Imagem mostra três chaminés de fábricas emitindo grande volume de fumaça
A China possui mais de mil usinas a carvão, que geram 60% da eletricidade produzida no país, e a extração do recurso foi intensificada nos últimos meses para evitar apagões - David Gray/Reuters

Mas a China não especificou quanto aumentaria suas emissões em valor absoluto e se pode continuar aumentando sem limites até 2030.

A China também está comprometida em aumentar sua parcela de combustíveis não fósseis para 25% de seu consumo.

E promete aumentar sua capacidade de energia solar e eólica, mas não especifica como alcançará seus objetivos climáticos.

É suficiente?

Segundo ambientalistas, essas promessas não são suficientes para limitar o aquecimento global a menos de dois graus, como o mundo prometeu fazer em Paris em 2015.

Alguns esperavam que o país mais populoso do planeta abandonasse o carvão e atingisse o pico de emissões em 2030 e reduzisse a poluição das indústrias pesadas nos próximos cinco anos.

"Se esperarmos até 2030 (para começar a reduzir as emissões), a curva a ser seguida entre 2030 e 2060 é tão rígida que muitos a consideram ficção científica", analisa Li Shuo, do Greenpeace Ásia.

A importância da China

Com mais de um quarto das emissões de gases de efeito estufa, os compromissos da China são mais importantes do que os de qualquer outro país.

O país possui mais de mil usinas a carvão, ou seja, mais da metade do parque mundial. E há outras em construção.

Para o emissário americano do clima, John Kerry, esses projetos de usinas poderiam reduzir a nada os esforços do resto do mundo para atingir os objetivos climáticos.

A produção elétrica

Apesar de seus compromissos, a China —que produz 60% de sua eletricidade a partir do carvão— aumentou sua extração de carvão nos últimos meses para fazer frente aos apagões.

Embora tenha prometido que 80% de sua eletricidade seria renovável até 2060, os investimentos neste setor foram reduzidos.

E o segmento nuclear mal representa 5% do saldo elétrico chinês.

De acordo com especialistas, a China demorou a apresentar seus últimos compromissos devido à retomada da produção de carvão.

"Eles esperaram até o último minuto para poder levar em consideração as prioridades do país sem prejudicar muito sua imagem internacional", estima Li Shuo.

Pequim prometeu parar de financiar projetos de usinas termelétricas a carvão e reduzir sua produção doméstica até 2026.

As árvores, uma salvação?

A China deve aumentar suas florestas em 6 bilhões de m3 em relação a 2005 para absorver CO2, de acordo com seus últimos compromissos.

Mas plantar florestas com pressa ameaça a biodiversidade, alerta o ambientalista Zhu Jinfeng. E essa biodiversidade é fundamental para a adaptação do planeta ao aquecimento.

O peso da política

O regime comunista suporta mal a pressão internacional.

Seu emissário climático, Xie Zhenhua, explicou no final de outubro que Pequim esperava ver as promessas dos outros países antes de publicar as suas.

O presidente da China, Xi Jinping, é um homem idoso; ele veste terno e gravata azul
O presidente chinês, Xi Jinping, discursa durante comemoração do 110º aniversário da Revolução Xinhai em Pequim - Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Em um contexto de forte degradação de suas relações com o Ocidente, a potência chinesa alertou os Estados Unidos que a cooperação em questões climáticas pode ser afetada.

A China acusa os países ricos de não ajudarem os países pobres o suficiente para se adaptarem às medidas exigidas pelo aquecimento.

O presidente Xi, que não saiu da China desde o início da pandemia de Covid-19, participará da cúpula de Glasgow por videoconferência.

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