Descrição de chapéu Amazônia sob Bolsonaro

Amazônia tem maior número de incêndios em 18 anos para maio

Ocorrências cresceram 96% em relação ao mesmo mês de 2021, mostram dados do Inpe; fogo no cerrado é recorde

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Rio de Janeiro e São Paulo | AFP

Amazônia e cerrado tiveram um mês de maio com elevados números de queimadas. A Amazônia brasileira teve o pior maio de incêndios desde 2004. O cerrado, por sua vez, também teve recorde de queimadas para o mês.

Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Em maio, a Amazônia registrou 2.287 focos de incêndio, um aumento de 96% em relação ao mesmo mês de 2021. É o segundo maior número para um mês de maio. A primeira colocação é de 2004, quando o número de focos foi de 3.131.

Além disso, o valor é superior à média para esse mês, de 1.014 focos de queimadas.

Vista aérea de floresta com fumaça
Incêndio próximo na Reserva Extrativista Jaci-Paraná, em Porto Velho, em agosto de 2020 - Christian Braga - 16.ago.2020/Greenpeace

No cerrado, região de savana tropical ao sul da Amazônia com grande biodiversidade, foram registrados 3.578 incêndios, um crescimento de 35% em comparação com maio do ano passado (2.649).

É o maior número para um mês de maio desde o início dos registros, em 1998/1999. O valor também está acima da média para o mês no bioma, que é de 1.711.

Ambientalistas classificaram os números como mais uma prova de um aumento dos incêndios e do desmatamento durante o mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Esses números não são um ponto fora da curva, mas resultado de uma tendência constante de alta na destruição ambiental nos últimos três anos que resulta de uma política intencional do governo", disse o diretor executivo da WWF Brasil, Mauricio Voivodic.

"A ciência está sendo ignorada e o futuro cobrará do Brasil um alto preço", acrescentou.

Geralmente, maio apresenta menores números de queimadas na Amazônia, por ainda estar dentro do período de chuvas do bioma. Os valores, porém, costumam subir de modo considerável principalmente em agosto e setembro. Com isso, números mais elevados de queimadas trazem preocupação quanto aos níveis de destruição que podem ser registrados em 2022.

E não são só as queimadas que têm tido elevados registros. Em abril, a Amazônia teve um recorde de desmatamento, segundo dados do Deter, programa do Inpe que aponta derrubadas praticamente em tempo real, em busca de auxiliar trabalhos de fiscalização. Foram mais de 1.000 km² de floresta derrubada, um número consideravelmente alto para o mês em questão —o desmate também sofre influência dos meses chuvosos da floresta.

Além desses sinais, há mais uma preocupação. Anos de eleição costumam ter maiores taxas de destruição na Amaz​ônia e até mesmo na mata atlântica —que, recentemente, apresentou um crescimento histórico, de 66%, no desmatamento.

Os incêndios na Amazônia, de forma geral, têm relação com desmatamento. A queima é a última parte do processo de derrubada, usualmente usadas para limpar as áreas desmatadas para futuras atividades agropecuárias.

Bolsonaro, que tem grande proximidade com o setor agroindustrial do país, enfrentou críticas internacionais desde o início do seu governo pelo forte aumento do desmatamento na Amazônia e em outros ecossistemas.

Além do crescimento da destruição, o governo atual é acusado de afrouxar a fiscalização e governança ambiental.

Dados oficiais apontam que, desde o início do governo Bolsonaro, menos de 3% dos alertas de desmatamento emitidos no Brasil pelo Inpe e por outras ferramentas de monitoramento de desmate no país, foram fiscalizados ou ocorreram em áreas com autorização para supressão de vegetação. Consequentemente, as autuações por crimes ambientais caíram no país durante a atual gestão, apesar dos índices recordes de destruição em mais de uma década.

Desde que assumiu o cargo em 2019, o desmatamento anual médio na Amazônia brasileira aumentou 75% em relação à década anterior, segundo dados oficiais.

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