Descrição de chapéu mudança climática África

Ativista Alaa Abd el-Fattah estava à beira da morte após greve de fome em prisão egípcia, diz família

Protesto teve início em abril e foi intensificado no início da COP27

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Farah Saafan
Cairo (Egito)

O ativista político egípcio-britânico Alaa Abd el-Fattah estava à beira da morte quando interrompeu sua greve de fome e precisou ser reanimado depois de desmaiar numa prisão no Egito, disseram seus familiares depois de visitá-lo, na quinta (17). Foi o primeiro com ele em semanas.

Desde 2 de abril Abd el-Fattah estava em greve de fome total ou parcial para protestar contra sua detenção e as condições da prisão. No dia 6 de novembro, data da abertura da cúpula climática COP27, ele intensificou o protesto, deixando também de tomar água.

Nesta semana, o ativista disse numa carta que encerrou a greve de fome.

Depois de encontrar el-Fattah e conversar com ele atrás de uma divisória de vidro na prisão de Wadi al-Natrun, a noroeste do Cairo, na primeira visita em quase um mês, a família disse que sua saúde se deteriorou gravemente.

Ativista egípcio Alaa Abd el-Fattah durante julgamento por insulto ao judiciário, em maio de 2015 - Khaled Desouki/AFP

Os familiares afirmaram que o ativista desmaiou sob o chuveiro em 11 de novembro, ficou inconsciente e foi reanimado. "Ele relatou como tendo sido uma experiência de quase morte. Foi assim que a greve de fome foi suspensa", eles disseram em comunicado à imprensa.

Segundo o comunicado, em 8 de novembro el-Fattah se recusou a passar por um exame médico sem o reconhecimento oficial de sua greve de fome. Foi levado embora pela tropa de choque, resistiu e foi reconduzido à sua cela.

"Quando o puseram na cela, ele começou a bater a cabeça contra a parede. Foi contido e amarrado", segundo o comunicado.

Não foi possível obter declarações de um porta-voz do Ministério do Interior. Em 10 de novembro, num raro comunicado oficial sobre o caso, a procuradoria pública egípcia disse que Alaa Abd el-Fatth passara por exames médicos e que sua condição física era boa.

A declaração, que segundo a família do ativista estava repleta de informações erradas, descreveu sua greve de fome como "questionável".

A greve de fome pairou sobre as negociações climáticas da COP27 no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, no mar Vermelho. Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, e líderes europeus discutiram o caso com o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sissi.

Ativista e blogueiro que ganhou destaque durante o levante Primavera Árabe, em 2011, que derrubou o presidente Hosni Mubarak, Alaa Abd el-Fattah passou a ser visto como símbolo das dezenas de milhares de egípcios, desde liberais até islâmicos, detidos em ondas de repressão posteriores.

Quando iniciou sua greve de fome, ele havia recebido cidadania britânica havia pouco tempo, algo que sua família esperava que ajudasse a garantir sua libertação. Autoridades britânicas têm pedido para fazer uma visita consular a el-Fattah, mas o pedido não foi concedido.

A irmã do preso político, Sanaa Seif, que foi à COP27 na semana passada para fazer campanha pela libertação do ativista e fez parte do grupo de familiares que o visitaram na quinta, disse que ele está muito magro e que contou que, quando esteve perto da morte, sentiu-se aliviado.

"Pensei que finalmente isso tudo ia acabar", ele teria dito.

"Ele se encontra num estado muito volátil, a toda hora perdia o fio da meada do que estava dizendo", disse Seif à Reuters. "Quando comecei a lhe falar da campanha, ele começou a prestar atenção e disse que está disposto a voltar para a greve de fome, mas eu lhe disse ‘não, você precisa descansar’."

O presidente al-Sissi, que em 2013 liderou a derrubada militar do primeiro presidente egípcio democraticamente eleito, após enormes protestos nacionais contra o governo, agora diz que a segurança e a estabilidade são primordiais e nega que haja presos políticos no país.

O protesto de Abd el-Fattah atraiu manifestações de solidariedade na área de conferências da COP27, administrada pela ONU.

Imagens de vídeo postadas em redes sociais de um plenário popular de ativistas na cúpula mostraram pessoas gritando "libertem Alaa, libertem todos eles", em alusão a Abd el-Fattah e a outros presos políticos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.